Folha de S. Paulo


No Dia Internacional da Mulher, EUA têm protesto e greve

Na pizzaria Veloce, no centro de Washington, só havia homens atrás do balcão nesta quarta-feira (8). As três funcionárias do local aderiram à greve convocada pelas mesmas organizadoras da Marcha das Mulheres, ocorrida em janeiro.

A ideia da manifestação, batizada de "Um Dia Sem Mulheres", a exemplo do que ocorreu com o movimento "Um Dia Sem Imigrantes", em fevereiro, era que as mulheres, em todo o país, deixassem de trabalhar ou de exercer atividades não remuneradas neste Dia Internacional da Mulher como forma de "reconhecer o valor enorme que as mulheres de todas as origens somam ao nosso sistema socioeconômico".

A iniciativa contou com a adesão de mulheres em centenas de cidades dos EUA e em dezenas de países.

Segundo o diretor-financeiro da Veloce, Mike Solsberry, a dona da rede de pizzarias, Ruth Gresser, "apoia a causa" e deu a opção para que as funcionárias ficassem em casa, recebendo pelo dia não trabalhado. Cerca de 75% das mulheres que trabalham nos quatro estabelecimentos da rede teriam optado por participar da greve.

Em Washington, os estabelecimentos não chegaram a fechar, mas alguns restaurantes ofereceram descontos para mulheres –o que, na verdade, acabou indo de encontro a uma das metas do movimento, de que as mulheres também não comprassem nada nesta quarta.

Mas nem todo o movimento de greve foi bem recebido. A decisão de fechar as escolas públicas em Alexandria, na Virgínia, e no condado de Prince George, em Maryland, por causa da greve das funcionárias, irritou os pais.

ATOS CONTRA TRUMP

Aproveitando a mobilização pelo Dia Sem Mulheres, um grupo de cerca de 300 pessoas marchou por três quadras até a frente da Casa Branca, onde foi montado um palanque para discursos.

O protesto teve como foco a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de restaurar o impedimento ao financiamento de ONGs estrangeiras que promovam direito ao aborto.

A política, instaurada por Ronald Reagan em 1984, foi banida por Bill Clinton assim que chegou ao poder, em 1993. George W. Bush a restaurou em seus primeiros dias, em 2001, e Barack Obama a cancelou novamente em 2009.

"Nossa principal motivação é fazer com que as pessoas saibam que essa regra vai colocar a vida de mulheres em risco", diz Esther Vicente, presidente da seção da organização Planned Parenthood para as Américas.

No começo do dia, Trump disse numa rede social ter "respeito tremendo pelas mulheres e pelos muitos papéis que elas desempenham que são vitais à construção da nossa sociedade e da nossa economia".

Nas outras cidades americanas, um dos protestos de mais destaque ocorreu em Nova York, onde centenas se concentraram diante da Trump Tower. Perto dali, em frente ao Hotel Trump, 13 foram detidas após confronto com a polícia —quatro delas estariam entre as organizadoras da Marcha das Mulheres.

OUTROS PAÍSES

Mulheres encontraram diversos meios de se manifestar pelo mundo. Na Polônia, elas levaram cartazes vermelhos como se estivessem expulsando de campo o governo, num protesto contra a proposta de proibir o aborto em qualquer caso.

Na Argentina, manifestantes bloquearam a saída de trens de uma estação ferroviária para cobrar a presença de mulheres na função de maquinista.

Milhares de mulheres também lotaram as ruas em Montevidéu, no vizinho Uruguai, reivindicando a aprovação no Congresso de cotas no serviço público e da lei contra o feminicídio.

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