Folha de S. Paulo


Eleitores cobram parlamentares republicanos por medidas de Trump

Acostumados a ser oposição nos últimos oito anos, parlamentares republicanos já começaram a perceber que, diante dos eleitores, é bem mais complicado estar do lado do governo —principalmente com um presidente como Donald Trump.

Na sexta (17), deputados e senadores deixaram Washington para uma semana de trabalho nos Estados, e a recepção não foi nada amigável para muitos republicanos.

Darryl Smith/Reuters
Eleitores de Virginia Beach protestam durante assembleia do deputado republicano Scott Taylor
Eleitores de Virginia Beach protestam durante assembleia do deputado republicano Scott Taylor

Durante o fim de semana, circularam na internet vídeos em que deputados são vaiados e confrontados nos chamados "town halls" —assembleias comunitárias típicas da relação entre os deputados e seus distritos eleitorais— no último sábado (18).

Com cartazes críticos a Trump e pedindo "a verdade", moradores de North Harmony, no Estado de Nova York, cobraram o deputado Tom Reed para que pressione o presidente a revelar sua declaração do imposto de renda. "Faça o seu trabalho!", gritaram em coro.

Em Mount Pleasant, na Carolina do Sul, o senador Tim Scott e o deputado Mark Sanford enfrentaram cerca de 200 eleitores indignados. "Vocês estão pessoalmente orgulhosos de ter essa pessoa representando o nosso país?", questionou Ernest Fava, um dos presentes.

"Bem, considerando as opções que tínhamos, fico feliz de que Trump seja o nosso presidente", respondeu Scott.

Gray Somerville, outro participante da assembleia e que se declarou independente, afirmou que, desde a eleição, se sente como "um passageiro em um carro dirigido por um motorista bêbado". A plateia aplaudiu efusivamente.

O medo da pressão parece ter desestimulado muitos republicanos a manter o corpo a corpo nas comunidades.

Segundo levantamento do "Roll Call", jornal do Grupo Economist especializado no Congresso, esta é a primeira vez desde 2009 que mais democratas realizarão "town halls" na semana do Dia do Presidente —feriado de fevereiro— do que republicanos.

Serão 27 contra 21 parlamentares, apesar de os republicanos terem quase 50 assentos a mais no Capitólio.

O deputado republicano por Nova Jersey Tom MacArthur, por exemplo, foi um dos que decidiu ficar a uma distância segura dos eleitores e resolveu fazer o seu encontro por teleconferência.

"Infelizmente, assembleias recentes se tornaram uma gritaria improdutiva, com a participação de grupos de interesse partidários que roubam para si os fóruns", disse a assessoria do deputado.

O feriado foi marcado por protestos em diversas cidades do país, como Nova York, Chicago e Washington. Apelidado de "Dia do não é meu presidente", o ato teve a adesão de milhares de pessoas, segundo os organizadores, que carregavam cartazes como "Nunca será meu presidente" e "Resista".


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