Folha de S. Paulo


Em reação a Trump, bloco do México quer estreitar relação com Mercosul

Thilo Schmuelgen/Reuters
German Foreign Minister Sigmar Gabriel (R) welcomes Brazil's Foreign Minister Jose Serra prior to the G-20 Foreign Ministers meeting in Bonn, Germany February 16, 2017. REUTERS/Thilo Schmuelgen ORG XMIT: MDJ239
O chanceler José Serra é recebido em Bonn pelo seu colega alemão, Sigmar Gabriel

O México e seus parceiros no bloco Aliança do Pacífico decidiram estreitar os laços com o Mercosul, no primeiro movimento prático na região de reação à animosidade do governo americano sob Donald Trump em relação ao vizinho latino ao sul de sua fronteira.

Em reunião entre o chanceler brasileiro, José Serra, e seu colega mexicano, Luis Videgaray, ficou acertado que os dois blocos irão fazer uma primeira reunião em Buenos Aires, no dia 10 de março provavelmente.

Eles se encontraram nesta sexta (17) em Bonn (Alemanha), onde participam de reunião de ministros de Relações Exteriores do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo).

A Aliança do Pacífico reúne México, Chile, Colômbia e Peru. O Mercosul, Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela _embora este último esteja tecnicamente rompido com os líderes do bloco.

"Foi muito bom. Ele nos agradeceu muito pela nota de apoio", disse Serra por telefone à Folha, referindo-se ao comunicado do Itamaraty que criticou a intenção de Trump de construir um muro longo de sua fronteira com o México para barrar imigrantes ilegais.

Mas são os planos econômicos do americano que empurram o México rumo ao sul. Trump já afirmou que quer rever termos do Nafta, o acordo de livre comércio entre EUA, México e Canadá que impulsionou a economia do país latino nas últimas duas décadas: hoje a nação concentra cerca de 2% do comércio mundial, o dobro do Brasil.

Além do acordo entre blocos, Serra convidou Videgaray a visitar Brasília para discutir negócios bilaterais. Hoje, o Brasil tem apenas dois acordos de comércio com o México, um automotivo que vai até 2019 e outro que reúne 800 produtos.

A guinada isolacionista de Trump animou o Itamaraty. Ao ameaçar o México e retirar-se da Parceria Transpacífica, o governo americano abriu a porta para ofertas de ocasião.

Entre 2008 e 2014, o Brasil registrava forte déficit na relação comercial com o México. A situação agora é de estabilidade, com US$ 3,8 bilhões exportados e US$ 3,5 bilhões importados anualmente.


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