Folha de S. Paulo


Procuradoria investiga suposto perdão a dívida da família Macri com o Estado

A Procuradoria da Argentina denunciou nesta terça (14) o presidente Mauricio Macri e o ministro das Comunicações, Oscar Aguad, sob a acusação de terem reduzido a dívida de uma empresa da família do mandatário com o Estado.

O débito era do Grupo Socma, presidido por Franco Macri, pai do presidente, e que tem na diretoria outros membros da família, e fazia parte de um acordo devido à quebra do Correio Argentino quando a hoje estatal era privada.

Claudio Reyes/AFP
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, participa de cerimônia com a chilena Michelle Bachelet
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, participa de cerimônia com a chilena Michelle Bachelet

A família Macri administrou o serviço dos correios entre 1997 e 2003, no contexto das privatizações do governo de Carlos Menem (1989-1999). A empresa quebrou em 2001, deixando dívidas com o setor privado e o Estado.

Em 2003, no governo de Néstor Kirchner (2003-2007), o Correio Argentino foi novamente estatizado. Na época, foi proposto um acordo em que o grupo teria de pagar 300 milhões de pesos ao governo, ao longo de várias parcelas.

Há uma semana, porém, a procuradora Gabriela Boquín declarou que o atual governo teria aprovado um novo acordo, em que haveria um desconto de mais de 90% do valor final a ser pago —o Grupo Socma teria que desembolsar só 2% da dívida.

O procurador apresentou sua denúncia ao juiz federal Ariel Lijo. "Para evitar qualquer tipo de dúvidas sobre a possibilidade de conflito de interesses, que nós acreditamos que não existiu, o Estado solicitará uma avaliação técnica do acordo por parte da Auditoria Geral da Nação, antes de assumir uma posição definitiva", disse o chefe de gabinete Marcos Peña à imprensa local.

Peña ainda acrescentou, jogando a culpa no kirchnerismo, que "esse assunto já vinha sendo discutido há muitos anos e, depois de tanto tempo sem ser resolvido por parte do governo anterior, o Ministério das Comunicações trabalhou em um novo acordo para dar fim a essa discussão que claramente estava prejudicando o Estado", disse.


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