Folha de S. Paulo


Trump recua e apoia política de 'China única' em telefonema com Xi Jinping

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou e passou a apoiar a política da "China única", que não reconhece a independência da ilha de Taiwan.

Trump concordou em honrar essa política a pedido do presidente chinês, Xi Jinping, em telefonema na noite de quinta-feira (9).

O americano havia irritado o governo chinês em dezembro, ao sugerir uma reaproximação com Taiwan, o que levaria ao rompimento de um compromisso de quase quatro décadas com Pequim.

O republicano também quebrou protocolo ao conversar por telefone com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.

Li Tao - 11.nov.2016/Xinhua
(161111) -- BEIJING, Nov. 11, 2016 (Xinhua) -- General Secretary of the Communist Party of China (CPC) Central Committee Xi Jinping, also Chinese President and Chairman of the Central Military Commission, addresses a gathering to commemorate the 150th anniversary of Sun Yat-sen's birth in Beijing, capital of China, Nov. 11, 2016.
O presidente da China, Xi Jinping, em novembro; líder chinês conversou com Trump na quinta (9)

Durante a campanha presidencial, no ano passado, Trump adotou uma retórica hostil à China, especialmente no campo comercial —ele chegou a prometer que iria tarifar em 45% produtos chineses nos EUA.

Taiwan reagiu com silêncio ao anúncio da Casa Branca de que Trump aceitou o pedido de Xi. Um porta-voz do governo da ilha disse em comunicado que é interesse de Taiwan manter boas relações com os EUA e China.

A todo país que deseja estabelecer relações diplomáticas com a China, Pequim exige o reconhecimento do princípio da "China única".

Isso impede qualquer independência formal de Taiwan, separada politicamente do continente desde 1949 e que Pequim deseja unificar com o restante da China.

Os EUA deixaram de reconhecer Taiwan em 1979, passando a manter relações formais apenas com a China continental, governada pelo Partido Comunista.

Os líderes dos EUA e China não conversavam por telefone desde a posse de Trump, em 20 de janeiro. Fontes diplomáticas em Pequim dizem que o governo chinês expressava nervosismo sobre uma humilhação de Xi caso o telefonema com Trump não corresse bem e detalhes fossem vazados à mídia.

JAPÃO

No segundo encontro desde que foi eleito com o premiê japonês, Shinzo Abe, Trump afirmou que deseja uma "relação tremenda e de longo prazo" com Tóquio.

A reunião nesta sexta-feira (10) na Casa Branca foi centrada no aspecto comercial.

Após retirar os EUA da Parceria Transpacífico, inviabilizando o acordo de 12 países —entre eles o Japão— defendido pelo seu antecessor, Barack Obama, Trump disse que pretende buscar um acordo de livre comércio com Tóquio.

Ele fez menção ainda à volta de empresas aos EUA, após sua ameaça de aumentar as taxas de importação para produtos estrangeiros. E disse que em breve mais companhias anunciarão sua volta.

Abe deixou a porta aberta para um possível acordo bilateral de comércio.

"A região da Ásia-Pacífico está em grande crescimento, o que é bom para o livre comércio. Trata-se de uma grande chance para ambos, mas isto deve ser de maneira justa. Não devemos fazer nenhuma intervenção econômica."

Abe afirmou ainda ter conseguido o apoio de Trump para seguir pressionando a Coreia do Norte a parar os testes nucleares e de mísseis.

Após a entrevista coletiva na Casa Branca, Abe e Trump viajaram para o resort do americano em Mar-a-Lago, na Flórida, onde devem jogar uma partida de golfe. "Será um final de semana muito produtivo", disse Trump.

IRÃ

Já com o Irã, Trump mantém o tom hostil.

Ao embarcar no avião presidencial nesta sexta-feira, ele foi questionado sobre a fala do presidente Hasan Rowhani na celebração do aniversário da Revolução Iraniana: "O Irã fará qualquer um que fale aos iranianos com ameaças se arrepender disso".

Trump respondeu aos repórteres: "É melhor ele se cuidar".


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