Folha de S. Paulo


Temer se reúne com Macri e afirma que não há tabus com a Argentina

Na tentativa de superar as divergências comerciais entre o Brasil e a Argentina, o presidente Michel Temer defendeu nesta terça-feira (7) que a relação com o país vizinho não deva ter tabus e que todas as questões devam ser "encaminhadas e solucionadas".

O aceno foi feito após encontro bilateral com o colega argentino, Mauricio Macri, no Palácio do Planalto. Em discurso, o presidente defendeu uma maior integração entre os vizinhos e a ampliação das relações comerciais do Mercosul com a União Europeia.

Pedro Ladeira/Folhapress
Michel Temer recebe o presidente argentino, Mauricio Macri, em reunião na Casa Rosada nesta terça-feira
Michel Temer recebe o presidente argentino, Mauricio Macri, em reunião na Casa Rosada nesta terça-feira

"Ficou claro, claríssimo, que não há tabus nas relações do Brasil e Argentina. Não há questões que, por complexas que sejam, não possam ser tratadas e encaminhadas e solucionadas", disse.

Em entrevista a jornalistas brasileiros na segunda (6), o presidente argentino se disse preocupado com o deficit na balança comercial com o Brasil –US$ 4,3 bilhões (R$ 13,4 bilhões) em 2016– e defendeu ajustes em relação à indústria automotiva.

O empresariado brasileiro reclama das barreiras comerciais criadas pelo governo argentino para as importações.

No fim do ano passado, por exemplo, foi ampliada a quantidade de mercadorias incluídas na lista da chamada LNA, ou licença não automática, que requerem autorização do poder público para entrarem no país.

ALIANÇA DO PACÍFICO

Macri defendeu que o Mercosul aproveite o atual cenário político no continente para ampliar as relações comerciais com os países da Aliança do Pacífico, como México, Chile, Peru e Colômbia.

O presidente dos EUA, Donald Trump, tem ameaçado criar uma tarifa de 20% sobre todos os produtos importados pelos americanos do vizinho do sul.

BALANÇA COMERCIAL - ARGENTINA - Em US$ bilhões

O montante arrecadado seria usado para financiar a construção de um muro na fronteira com o México. A hostilidade do republicano pode levar o país latino a dar maior prioridade ao comércio com a América Latina.

"Já manifestamos ao presidente [mexicano, Enrique] Peña Nieto que estamos abertos a aprofundar o diálogo", disse Macri.

Ele pregou também o aprofundamento nos acordos comerciais com a União Europeia, que continuam em negociação com o Mercosul, e entre a Argentina e o Brasil.

"Nós temos de ser sócios. Que a rivalidade seja deixada apenas para o esporte e que sejamos sócios no restante", brincou o argentino.

Os presidentes assinaram memorandos de entendimentos nas áreas de proteção de fronteiras, cooperação de diplomacia e para a elaboração de uma agência bilateral para diminuir barreiras sanitárias e fitossanitárias.


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