Folha de S. Paulo


Governo Trump impõe primeiras sanções ao Irã após teste de míssil

O governo do presidente Donald Trump impôs sanções a 13 cidadãos e 12 empresas em resposta ao recente teste de um míssil balístico por Teerã, aumentando a pressão sobre o regime iraniano.

Entre os alvos das sanções anunciadas nesta sexta-feira (3) pelo Departamento do Tesouro dos EUA estão agentes, companhias e empresários envolvidos em obter esse tipo de tecnologia para o Irã.

As sanções impedem esses cidadãos —de Irã, China, Emirados Árabes e Líbano— e empresas de fazerem qualquer tipo de negócio nos Estados Unidos ou com cidadãos americanos.

Kevin Lamarque/Reuters
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, fala a repórteres nesta sexta-feira (3)
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, fala a repórteres nesta sexta-feira (3)

"O contínuo apoio iraniano ao terrorismo e o desenvolvimento do seu programa de mísseis balísticos apresenta uma ameaça para a região, aos nosso parceiros no mundo e aos Estados Unidos", afirmou John Smith, responsável pelas sanções no Departamento do Tesouro.

São as primeiras sanções de Trump contra o Irã, e refletem seu desejo de uma abordagem mais dura com o regime de Teerã.

"As sanções de hoje representam uma posição forte contra as ações que o Irã vem tomando, deixam claro que o acordo que eles fizeram anteriormente não era o do melhor interesse deste país, e que o presidente Trump irá fazer em seu alcance para que o Irã continue em xeque", disse o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.

Em uma rede social nesta sexta-feira, Trump afirmou: "O Irã está brincando com fogo —eles não entendem o quão 'gentil' o presidente Obama foi com eles. Não eu!".

Durante a campanha eleitoral, Trump acusou o ex-presidente Obama de ser fraco com o Irã. O republicano também critica constantemente o acordo nuclear firmado em 2015 entre Irã e potências globais, que levantou algumas das sanções depois que Teerã concordou em reduzir seu programa nuclear.

O arsenal iraniano de mísseis balísticos é considerado capaz de atingir Israel e outros aliados americanos no Oriente Médio, bem como bases dos EUA na região.

Nesta semana, depois do teste, o assessor de Segurança Nacional de Trump, tenente-general Michael Flynn, anunciou que o Irã seria colocado "em aviso prévio".

O Ministério das Relações Exteriores do Irã classificou como ilegais as novas sanções e disse que retaliar com sanções aos EUA.

"As novas sanções não são compatíveis com os compromissos americanos e a resolução 2.231 do Conselho de Segurança da ONU que apoiou o acordo nuclear firmado entre o Irã e seis potências."

"Em retaliação às sanções dos EUA, o Irã vai impor restrições legais a alguns indivíduos americanos e entidades que estão envolvidas em apoiar e financiar grupos terroristas regionais", acrescenta o comunicado, sem detalhar quais seriam esses grupos.

CONTINUIDADE

Durante esta semana, Trump foi chamado de "novato" pelo presidente iraniano, Hasan Rowhani, que criticou o decreto anti-imigração assinado pelo americano. Cidadãos de sete países muçulmanos, incluindo o Irã, tiveram a entrada barrada nos EUA por 90 dias —e refugiados sírios foram vetados por um período de 120 dias.

Apesar do discurso duro de Trump, as novas sanções representam uma continuação das punições limitadas da gestão Obama à atividade iraniana no campo dos mísseis.

Os alvos das sanções foram delineados ainda pelo governo anterior, de acordo com funcionários do Tesouro.

Nenhuma das novas penalidades revertem a suspensão de sanções pós-acordo nuclear. O próprio Obama prometeu, depois do pacto, em julho de 2015, continuar a pressionar por penalidades ao Irã relacionadas ao lançamento de mísseis, apoio ao terrorismo e abusos de direitos humanos —e assim o fez em janeiro e março do ano passado.

Ainda é incerto, no entanto, qual será a eficácia da medida de Trump no desenvolvimento de mísseis pelo Irã. As novas sanções não afetam, por exemplo, a empresa Iran Air, um grande banco ou um órgão governamental.


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