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Secretário de Estado é aprovado nos EUA em dia de vitórias republicanas

Carlos Barria /Reuters
Ao lado de Donald Trump, o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, discursa após ser empossado
Ao lado de Donald Trump, o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, discursa após ser empossado

Os republicanos foram nesta quarta-feira (1º) os vencedores da batalha que se instaurou no Congresso nessa primeira quinzena do governo de Donald Trump.

O ex-presidente da Exxon Mobil Rex Tillerson foi confirmado como secretário de Estado, apesar da votação apertada. Além disso, usando de manobra sem precedentes, os republicanos deram o primeiro passo para a aprovação dos secretários do Tesouro e da Saúde.

Sem um só democrata presente, a Comissão de Finanças do Senado aprovou os nomes do banqueiro Steve Mnuchin como secretário do Tesouro e de Tom Price para o departamento de Saúde.

Os republicanos conseguiram mudar as regras e permitir que a votação acontecesse apenas com quem estava na sala. Normalmente, é exigida a presença de pelo menos um democrata.

Todos os opositores a Trump haviam deixado a sessão pelo segundo dia consecutivo, em boicote. Eles consideram que Mnuchin e Price não deram esclarecimentos suficientes sobre acusações de conflito de interesses.

O presidente da comissão, o senador republicano Orrin Hatch, decidiu então que a votação poderia acontecer mesmo assim. "Eles mesmos se recusaram a participar. Não tenho nenhuma pena deles", declarou Hatch.

"Hoje, pela primeira vez na história, a Comissão de Finanças do Senado passou por cima das regras para forçar duas indicações", reagiu o líder democrata na comissão, Ron Widen.

Secretariado de Trump

Mnuchin, um veterano de Wall Street, é ex-sócio do banco Goldman Sachs. Ao sair da empresa, lucrou com a bolha imobiliária dos anos 2000, comprando títulos desvalorizados. Os democratas pedem explicação sobre suspeitas de que seu banco, o OneWest, tratou injustamente clientes com hipotecas atrasadas.

Já Price é acusado de não esclarecer na sabatina no Senado se recebeu ou não descontos para comprar ações de uma companhia biomédica. Ele é um crítico feroz e antigo do Obamacare e foi o escolhido para realizar o desmonte do programa.

TILLERSON

A indicação de Rex Tillerson, 64, para secretário do Estado não foi menos polêmica. A votação no Senado foi uma das mais difíceis da história recente americana, com 53 votos a favor e 43 contra.

Tillerson é conhecido por suas estreitas relações com a Rússia. Democratas acreditam que possa haver conflito de interesses em suas decisões como secretário de Estado. O milionário da indústria petrolífera se opôs às sanções econômicas impostas pelos EUA à Rússia e enfrenta forte crítica de ambientalistas.

Tillerson não tem experiencia diplomática e nunca exerceu um cargo público. O país espera para ver como ele vai traduzir o lema de Trump, "America First" (Estados Unidos primeiro), em suas relações diplomáticas.

Mas o clima de guerra no Congresso, intensificado depois da divulgação das novas regras de imigração de Trump, continua. Os democratas também comemoraram pequenas vitórias. Nesta quarta, eles conseguiram adiar mais uma votação de um nome da equipe do presidente, do procurador-geral de Oklahoma Scott Pruitt.

Conhecido cético da mudança climática, ele foi indicado para dirigir a agência de meio ambiente, a EPA. Pruitt já promoveu ações judiciais contra a agência que agora pode dirigir.

E há grande chances de a escolha de Trump para a secretaria da Educação, Betsy DeVos, não ser confirmada. Duas senadoras republicanas —Susan Collins, de Maine, Lisa Murkowski, do Alasca— disseram que devem rejeitar o nome da empresária, que é uma defensora da gestão privada no ensino.

"Eu simplesmente não posso apoiar essa escolha", disse Collins, no Senado. As duas congressistas defendem mais investimento para escolas públicas.


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