Folha de S. Paulo


Britânicos pedem cancelamento da visita de Trump após veto a refugiados

A restrição à entrada de estrangeiros de sete países nos Estados Unidos foi recebida com manifestações de repúdio popular no Reino Unido.

Um protesto reuniu milhares em Londres, nesta segunda-feira (30), enquanto um abaixo-assinado com mais de 1,4 milhão de assinaturas exigia o cancelamento da visita do presidente dos EUA, Donald Trump, neste ano.

O Parlamento é obrigado a debater as propostas com mais de 100 mil assinaturas, caso desse abaixo-assinado —que considera um "constrangimento" à rainha Elizabeth 2ª ter de reunir-se com o americano.

Stefan Wermuth/Reuters
Manifestantes protestam em Londres contra o veto a imigrantes imposto pelo presidente dos EUA
Manifestantes protestam em Londres nesta segunda (30) contra o veto de Trump a refugiados

O governo britânico anunciou, no entanto, não ter planos de retirar o convite a Trump. A vinda do presidente dos EUA é, segundo o gabinete da primeira-ministra conservadora, Theresa May, "interesse nacional". Não há data para a visita.

May tem planos de travar um acordo comercial vantajoso com os EUA após separar-se da União Europeia, o que deve acontecer após dois anos. Ela aproximou-se de Trump nas últimas semanas e já esteve em Washington.

Jeremy Corbyn, líder do opositor Partido Trabalhista, pediu que a visita seja adiada enquanto o veto aos imigrantes estiver em vigor. Ele disse que Trump viola os valores compartilhados no Reino Unido ao proibir a entrada de muçulmanos e refugiados.

DISCRIMINAÇÃO

Diversos países europeus expressaram seu repúdio nos últimos dias, incluindo a Alemanha da chanceler Angela Merkel, que no domingo (29) disse ter explicado a Trump as obrigações dos signatários da Convenção de Genebra em receber refugiados de países em guerra.

Jean-Marc Ayrault, ministro francês do Exterior, disse nesta segunda durante sua visita ao Irã que a medida americana é "preocupante". "Não tem nada a ver com combater o terrorismo."

As Nações Unidas denunciaram a decisão de Trump. Zeid Ra'ad al Hussein, chefe de direitos humanos da ONU, disse que discriminar de acordo com a nacionalidade é proibido pelas leis humanitárias globais.

Nkosazana Dlamini-Zuma, líder da União Africana, também criticou o americano. Três países-membros dessa organização foram afetados pelas restrições dos últimos dias —Líbia, Somália e Sudão.

"O mesmo país ao qual muitos do nosso povo foram levados como escravos agora decidiu banir refugiados de alguns de nossos países."

O Parlamento do Iraque, outro afetado pelo veto de Trump, aprovou uma medida de reciprocidade que, caso entre em vigor, impedirá a entrada de americanos no país. O premiê Haider al-Abadi não se pronunciou e ainda não está claro se o gesto terá algum efeito prático.


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