Folha de S. Paulo


Por verba federal, Miami se nega a ser 'cidade-santuário' para imigrantes

A Prefeitura de Miami, no Estado americano da Flórida, ordenou nesta quinta-feira (26) às instituições penitenciárias que obedeçam ao presidente Donald Trump e acabem com a reputação de "cidade-santuário" para imigrantes ilegais, a fim de não arriscar o ingresso de recursos federais.

De acordo com o porta-voz da prefeitura, Michael Hernández, o prefeito republicano Carlos Giménez instruiu o Departamento Correcional "a honrar todas as solicitações de detenção de imigrantes recebidas pelo Departamento de Segurança Interna".

Giménez tenta, com isso, angariar a simpatia do presidente Trump, depois que ele determinou, na quarta-feira (25), o corte de verbas federais para as cerca de 300 "cidades-santuário" do país que se negam a prender e a contribuir para a deportação de imigrantes em situação irregular.

As maiores "cidades-santuário" —Nova York, Los Angeles e San Francisco— prometeram resistir e continuar protegendo os imigrantes, mas o prefeito de Miami rejeitou o rótulo imposto pelo Departamento de Justiça no ano passado.

Miami foi incluída na lista porque a polícia se negava —até esta quinta-feira— a prender esses imigrantes, a menos que Washington pagasse os custos de sua detenção.

A decisão de Giménez foi comemorada pelo novo presidente americano: "O prefeito de Miami-Dade abandonou a política dos santuários. Boa decisão. Forte!", escreveu Trump em uma rede social.

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DECISÃO FINANCEIRA

Ao jornal Miami Herald, o prefeito explicou que tomou uma decisão financeira, não ideológica, ao ordenar a detenção dos imigrantes procurados pelo FBI, na contramão da maioria das "cidades-santuário".

"Quero ter certeza de que não vamos colocar em risco os milhões de dólares em fundos que recebemos do governo federal por um assunto de US$ 52 mil", afirmou Giménez, um republicano que disse ter votado na democrata Hillary Clinton na eleição presidencial.

O valor de US$ 52 mil seria o custo para detenção de imigrantes em prisões locais pago pelo condado de Miami-Dade no ano passado.

Segundo o Instituto de Política Migratória, a Flórida conta com cerca de 650 mil imigrantes em situação ilegal. É o quarto Estado com maior número de pessoas nessa situação, atrás de Califórnia (mais de 3 milhões), Texas (1,5 milhão) e Nova York (870 mil).


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