Folha de S. Paulo


'Por que essas pessoas não votaram?', pergunta Trump sobre manifestações

O presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu com sarcasmo aos protestos contra ele que reuniram milhares de pessoas em Washington e em várias outras cidades do país e do mundo no sábado (21), um dia após sua posse.

"Assisti aos protestos ontem, mas tenho a impressão de que acabamos de ter uma eleição! Por que essas pessoas não votaram? Celebridades causam sérios danos à causa", publicou Trump em sua conta pessoal no Twitter.

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Foi o primeiro comentário de seu governo à "Marcha das Mulheres", que reuniu cerca de um milhão de pessoas em eventos ao redor do mundo, metade na capital americana, Washington. Várias famosas se juntaram ao protesto, como a cantora Madonna, a comediante Amy Schumer e a atriz Ashley Judd.

Organizada como um ato de defesa dos direitos das mulheres e outras minorias, a marcha foi na prática uma manifestação de repúdio a Trump, que entrou na Casa Branca com rejeição de mais de metade dos americanos, segundo pesquisas. Após a primeira reação minimizando os protestos, o presidente voltou à rede social cerca de uma hora e meia depois, desta vez em tom conciliatório.

"Protestos pacíficos são uma marca de nossa democracia. Mesmo que eu nem sempre concorde, eu reconheço os direitos das pessoas de expressar suas visões."

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No terceiro dia como presidente, Trump participou na Casa Branca da cerimônia de juramento de membros do alto escalão de seu governo e antecipou algumas de suas ações nos próximos dias, entre elas encontros com os primeiros-ministros do Reino Unido e do Canadá e com o presidente do México.

AGENDA

Horas antes, o chefe de gabinete de Trump, Reince Priebus, disse que a agenda do presidente nesta semana incluirá ações nas áreas de comércio, imigração e segurança nacional.

Segundo Priebus, Trump deve assinar algumas ordens executivas (espécie de medida provisória) para anular algumas medidas do presidente Barack Obama, mas não especificou quais.

Uma das principais políticas de Obama foi alvo de Trump já no dia da posse, quando ele assinou um decreto para "reduzir o peso" do Obamacare, o programa de saúde implementado pelo antecessor.

O governo e legisladores republicanos esperam acelerar durante a semana a aprovação dos nomes indicados por Trump para compor seu gabinete.

Apenas dois haviam recebido o aval do Senado no primeiro dia de Trump como presidente –os generais James Mattis para a Defesa e John Kelly para a Segurança Doméstica–, menos que os sete aprovados quando Obama tomou posse.

INTERESSES

A aprovação do gabinete requer maioria simples no Senado, exatamente a que os republicanos possuem (51 de 100 cadeiras). Mas a oposição democrata acha que pode descarrilar algumas das nomeações, e ficou mais confiante depois que alguns dos candidatos contradisseram nas sabatinas posições do chefe.

"Tantos têm diferentes visões do presidente mostradas na campanha que obviamente deve haver um escrutínio. Se vamos ganhar algumas brigas? Possivelmente", disse o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, à TV NBC.

Schumer também lembrou que o grande número de homens de negócios bilionários entre os nomeados exige esclarecimentos sobre possíveis conflitos de interesses.


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