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Donald Trump mantém tom belicoso na noite da véspera da posse

Evan Vucci/Associated Press
O presidente eleito, Donald Trump, e o vice eleito, Mike Pence, participam de cerimônia no cemitério de Arlington
O presidente eleito, Trump, e o vice eleito, Pence, participam de cerimônia no cemitério de Arlington

Quase presidente, Donald Trump manteve o tom belicoso na abertura dos eventos de sua posse, nesta quinta (19). Num rápido discurso de improviso, prometeu unir o país, enquanto alfinetava os que não acreditaram nele.

"Não quiseram nos dar crédito, porque nos esqueceram. Na campanha, falei nos homens e nas mulheres esquecidos. Bem, vocês não estão mais esquecidos", disse ao público reunido para o show de "boas-vindas" no Memorial Lincoln, em Washington.

Núcleo de Imagem/Folhapress

Antes do show, Trump abriu o ritual da posse no cemitério de Arlington, onde prestou homenagem aos militares americanos mortos a serviço do país. O investidor e amigo de Trump Tom Barrack, chefe do comitê de campanha, disse que naquele momento o empresário estava "em transição do candidato para o presidente".

Quando Trump pegou o microfone, no entanto, o candidato ainda parecia bem mais forte que o presidente. A poucas horas da posse, sobraram disparos contra adversários, outros países e até a previsão meteorológica.

"Eu prometo que vou trabalhar tão duro, vamos dar a volta, vamos trazer os empregos de volta", disse Trump. "Não vamos mais deixar outros países levarem nossos empregos."

Ao lado da mulher, Melania, e dos filhos, Trump acompanhou a sequência de bandas que se apresentaram no show do Memorial Lincoln mexendo a cabeça no ritmo das músicas.

Às 15h de Brasília nesta sexta-feira (20), Trump se tornará o 45º presidente dos EUA após prestar juramento com a mão sobre duas bíblias, uma que possui desde a infância e outra que pertenceu a um dos presidentes mais amados dos EUA, Abraham Lincoln (1809-1865).

Sem as estrelas de renome mundial que queria, o show teve atrações como o astro country Toby Keith e a banda de rock 3 Doors Down, que emocionou o presidente eleito. Trump pareceu limpar uma lágrima quando a banda tocou o hit "Here without you" (Aqui sem você).

Em seu breve discurso, Trump disse ser apenas o "mensageiro" do "movimento" criado em sua campanha. "Ficamos cansados de ver o que acontecia. Queríamos mudanças, mudanças verdadeiras", disse, numa indireta sobre o slogan de campanha de Barack Obama.

Trump não poupou nem a previsão meteorológica, que dá 70% de possibilidade de chuva no momento da posse. "Não me importo, francamente, se estará lindo ou se vai chover loucamente."

De acordo com sua assessoria, o discurso de posse de Trump será "filosófico" e não necessariamente sobre políticas concretas. Também deve ser mais curto que o dos antecessores, não chegando a 20 minutos. A partir daí, Trump terá que mostrar que consegue transformar os slogans da campanha em realidade.

"Nós vamos trabalhar juntos, e nós vamos fazer a América grandiosa novamente, e eu acrescento, mais grandiosa que jamais foi", disse na véspera.

Fogos de artifício concluíram a festa, enquanto Trump e Melania se retiravam cercados por um cordão de seguranças. Pela tradição, o casal dorme sua última noite como cidadãos comuns na Blair House, a casa de hóspedes do presidente que fica adjacente à Casa Branca.

Além das cerca de 900 mil pessoas que devem assistir à posse, outros milhares de pessoas se preparam para protestar. Filas se formaram em papelarias da capital americana em busca de material para preparar cartazes.

Com índice recorde de rejeição para um novo presidente, Trump afirmou ter o apoio de "um movimento como nunca vimos em qualquer parte do mundo".


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