Folha de S. Paulo


Colômbia faz acordo para iniciar fase pública do processo de paz com ELN

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou nesta quarta-feira (18) que o governo fechou um acordo para começar a fase pública das negociações de paz com o ELN (Exército de Libertação Nacional).

O grupo era a única guerrilha ativa do país desde o fim dos diálogos com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), no ano passado, dando fim a mais de 50 anos de conflito armado.

Juan Cevallos/AFP
O representante do governo, Juan Camilo Restrepo (à esq.) cumprimenta Pablo Beltrán, do ELN
O representante do governo, Juan Camilo Restrepo (à esq.) cumprimenta Pablo Beltrán, do ELN

Os detalhes iniciais foram definidos após cinco dias de reuniões em Quito, no Equador, um dos mediadores do processo de paz. O primeiro encontro dos negociadores será em 7 de fevereiro na mesma cidade.

O ELN se comprometeu a libertar até o dia 2 o ex-deputado Odín Sánchez, sequestrado em abril. Esta era uma das exigências do governo que impediam o início das negociações.

Em troca, as autoridades aceitaram indultar dois dirigentes do grupo armado que não cometeram crimes graves e os nomes de dois guerrilheiros que chefiarão o diálogo. Seus nomes não foram divulgados.

Em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, Santos comemorou o avanço. "Tem sido um processo muito difícil, mas a próxima etapa é sumamente importante porque nos permitirá chegar à paz completa", disse.

Porém, afirma que a negociação será interrompida se o ELN não cumprir sua promessa de libertar o ex-parlamentar. A manutenção de Sánchez em cativeiro foi o principal motivo para que o processo ainda não tenha começado.

A previsão é que a primeira reunião ocorresse em 27 de outubro em Quito, mas a guerrilha decidiu continuar com o sequestro do ex-deputado a poucos dias do encontro marcado sete meses antes.

FARC

O avanço nas negociações com o ELN acontece enquanto Santos tem dificuldades para implementar os pontos do pacto com as Farc, devido à resistência da oposição e da população, que rejeitou o acordo em plebiscito.

Na terça (17), o governo anunciou uma missão de especialistas para reforma eleitoral que avaliará, dentre outros aspectos, a inclusão dos guerrilheiros na política, rejeitada por diversos setores da sociedade colombiana.

Também está atrasado o processo de desarmamento e desmobilização das Farc. O governo afirma que, devido às proporções em termos de segurança e logística, a operação poderá levar meses.

Santos conseguiu, porém, o aval da Suprema Corte para aprovar o acordo no Legislativo, onde tem maioria. A oposição, liderada por Álvaro Uribe, queria que todas fossem submetidas a novo referendo.


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