Folha de S. Paulo


Argentina reabre ação contra Cristina Kirchner por encobrimento em ataque

A Justiça argentina decidiu nesta quinta-feira (29) reabrir a ação e denunciar a ex-presidente Cristina Kirchner sob a acusação de tentar encobrir a responsabilidade do Irã no atentado à Amia, que deixou 85 mortos em 1994.

A denúncia havia sido apresentada em janeiro de 2015 pelo promotor Alberto Nisman, responsável pela investigação do ataque à entidade judaica. Quatro dias depois de abrir a ação, ele foi encontrado morto em seu apartamento.

Moacyr Lopes Jr. - 9.dez.2016/Folhapress
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner participa de conferência com Dilma Rousseff em SP
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner participa de conferência com Dilma Rousseff em SP

A ação foi reaberta pela Câmara Federal de Cassação Penal atendendo a recurso da Delegação das Associações Israelitas da Argentina (Daia), que tentava reverter o arquivamento do processo, feito em 2015.

Na acusação original, Nisman acusava a ex-presidente de ter fechado um acordo comercial com Teerã em 2013 em troca da retirada dos avisos de captura da Interpol de dirigentes condenados pelo atentado.

A solução era enviar uma delegação internacional de juristas para que pudesse interrogar os ex-dirigentes do Irã, dentre eles o ex-presidente Ali Rafsanjani. O governo iraniano nunca cumpriu o pacto.

Além de Cristina, também foram denunciados o ex-chanceler Héctor Timerman, os líderes de movimentos kirchneristas Luis D'Elia (Miles), Andrés Larroque (La Cámpora) e Fernando Esteche (Quebracho), entre outros.

A Câmara Federal também determinou o afastamento do juiz Daniel Rafecas, responsável pelo caso, e o sorteio de um novo magistrado para acelerar o julgamento. Rafecas havia rejeitado o primeiro recurso da Daia.

A morte de Nisman passou em setembro passado para à alçada federal, que deverá elucidar se foi homicídio ou suicídio, algo que não pôde ser estabelecido até o momento.

A mudança de competência significa que a Justiça vê a morte de Nisman como algo com implicação superior, por suas possíveis conotações políticas.


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