Folha de S. Paulo


EUA se abstêm e ONU aprova fim de novos assentamentos na Palestina

Abed Al Hashlamoun/Efe
HEB05 HEBRÓN (PALESTINA) 21/01/2016.- Una bandada de pájaros vuela sobre la mezquita de Ibrahim, también conocida como la Tumba de los Patriarcas, cerca de las casas que un grupo de colonos israelíes han ocupado en la ciudad cisjordana de Hebrón, Palestina, hoy 21 de enero de 2016. Un grupo de colonos israelíes han ocupado unas casas bajo la protección del ejército israelí. EFE/Abed Al Hashlamoun ORG XMIT: HEB05
A cidade de Hebron, na Cisjordânia, onde colonos judeus ocuparam casas com apoio do Exército

O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta (23) uma resolução que condena a colonização israelense em territórios palestinos. O texto afirma que os assentamentos judaicos não têm validade legal e exige que Israel ponha fim à construção de novas colônias.

A aprovação só foi possível graças à posição inédita dos Estados Unidos, aliados históricos de Israel, que se abstiveram na votação. Por serem um dos membros permanentes do conselho, juntamente com China, Rússia, Reino Unido e França, os americanos têm poder de veto.

Essa é a primeira resolução que o Conselho de Segurança adota em relação às questões Israel-Palestina em quase oito anos.

Segundo a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, os assentamentos comprometem a segurança de Israel. "Os EUA têm enviado a mensagem de que os assentamentos precisam ter fim por quase cinco décadas", disse após a votação.

Para Power, a expansão israelense não é compatível com uma solução viável do conflito que compreenda a existência concomitante de um Estado judeu e de outro palestino.

Comemorada pelo líder palestino Mahmoud Abbas, a resolução foi condenada pelo governo israelense.

"Israel rejeita esta vergonhosa resolução anti-israelense na ONU e não vai tolerar seus termos", disse um comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

A atitude da diplomacia americana foi duramente criticada pelas autoridades israelenses. Um ministro chegou a dizer que os Estados Unidos haviam "abandonado seu único amigo no Oriente Médio".

Kevin Lamarque-1.out.2014/Reuters
U.S. President Barack Obama (R) meets with Israel's Prime Minister Benjamin Netanyahu at the White House in Washington October 1, 2014. REUTERS/Kevin Lamarque (UNITED STATES - Tags: POLITICS) ORG XMIT: WASW201
O primeiro-ministro israelense, Binjamin Netanyahu, em visita a Obama na Casa Branca

Em nota, Netanyahu afirmou que o governo de Obama não só falhou em proteger Israel como também conspirou contra o país.

"Israel aguarda com expectativa a oportunidade de trabalhar com o presidente eleito Trump e com todos os nossos aliados no Congresso, republicanos e democratas, para anular os danosos efeitos desta absurda resolução", afirma o texto.

A gestão do presidente Barack Obama é marcada pelo afastamento de Israel, com quem os americanos historicamente mantêm relações de grande proximidade.

Um dos pontos de discordância foi o acordo nuclear com o Irã, firmado em julho e considerado um marco da gestão Obama. No início de 2015, a contragosto da Casa Branca, Netanyahu discursou no Congresso americano e disse que o acordo punha em risco a segurança de Israel.

TRUMP REAGE

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, condenou a abstenção americana. Pelas redes sociais, Trump afirmou que, a partir de 20 de janeiro, data de sua posse, as coisas serão diferentes na ONU.

Don

Em atitude coordenada com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, Trump tentou, sem sucesso, pressionar a diplomacia de Obama a vetar a resolução.

Chegou também a telefonar para o presidente do Egito, Abdul Fatah Al-Sisi, logo após o país, autor da proposta, adiar a votação, prevista para a quinta (22). Ficou acordado que os dois países "dariam uma chance" para que o futuro governo Trump tentasse encontrar soluções para o conflito entre Israel e Palestina. A votação, entretanto, foi adiante.

Trump tem sido criticado por associações pró-Palestina pela indicação de seu embaixador em Israel. David Friedman, um advogado judeu sem experiência diplomática, é favorável aos assentamentos.

Friedman causou polêmica ao afirmar que pretende se instalar em Jerusalém, e não em Tel Aviv, onde está localizada a embaixada americana.

A cidade de Jerusalém, um dos principais pontos de disputa entre palestinos e israelenses, não é reconhecida pelos EUA nem pela maior parte da comunidade internacional como a capital de Israel.


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