Folha de S. Paulo


Militares preparam nova tentativa de retirada de rebeldes de Aleppo

Quase 4.000 rebeldes e seus familiares devem ser retirados de de Aleppo nesta quinta-feira (15), anunciou a televisão pública síria, ao mesmo tempo que prosseguem os preparativos da operação na segunda maior cidade da Síria.

A queda de Aleppo constitui uma grande derrota para a rebelião síria, que havia conquistado a parte leste da capital econômica do país em 2012. As tropas do governo, com o apoio da aviação russa e de milícias libanesas, iraquianas e iranianas, derrotaram os em uma ofensiva fulminante de 30 dias, iniciada em 15 de novembro.

Militares sírios e russos preparam nesta quinta-feira a retirada para Idlib dos últimos rebeldes de Aleppo entrincheirados na zona leste da cidade, assim como de suas famílias, de acordo o Exército da Rússia, que informou uma operação por "ordem do presidente Vladimir Putin". Os russos são aliados ao regime sírio.

"A retirada dos rebeldes acontecerá a bordo de 20 ônibus e 10 ambulâncias que percorrerão o corredor especial em direção a Idlib", noroeste da Síria, afirma o Exército russo em um comunicado.

"As autoridades sírias garantem a segurança de todos os combatentes que decidiram deixar os bairros do leste de Aleppo", completa a nota oficial.

Um pouco antes, uma fonte do Exército sírio informou sobre um novo acordo para a retirada dos combatentes rebeldes da última área que controlam em Aleppo, após o fracasso de uma iniciativa similar na quarta-feira (14).

Também há preparativos para permitir a saída de feridos e civis pelo sul de Aleppo. De acordo com o ministério de Relações Exteriores da Turquia, que apoia os rebeldes, será dada prioridade aos que estão machucados.

A retirada de civis não foi confirmada por Damasco.

Omar Sanadiki/Reuters
Ônibus parados na área controlada de Aleppo controlada pelo governo, prontos para retirar civis e rebeldes
Ônibus parados na área de Aleppo controlada pelo governo, prontos para retirar civis e rebeldes

COMBOIO MÉDICO ATACADO

Uma tentativa de retirada foi atrasada nesta quinta-feira quando forças ligadas ao governo sírio atiraram contra o comboio, ferindo três pessoas, de acordo com o chefe do serviço de ambulâncias.

Os carros deveriam sair graças ao acordo para retirar as pessoas de áreas dominadas por rebeldes após os avanços das tropas do governo.

A retirada do último bolsão dominado por rebeldes acabaria com anos de luta na cidade e marcaria uma grande vitória para Assad.

Uma iniciativa similar foi suspensa na quarta-feira, apesar de um acordo mediado pela Rússia e pela Turquia. Após o fracasso da retirada, os combates foram retomados em Aleppo.

A Rússia acusou os rebeldes de terem reiniciado os combates e de bloquear a retirada de milhares de civis presentes no leste da cidade.

A Turquia voltou a acusar as tropas sírias e seus aliados pela nova onda de violência.

Na quarta-feira, os presidentes da Rússia e da Turquia, Vladirmir Putin e Recep Tayyip Erdogan, conversaram por telefone. Os dois afirmaram que as violações ao cessar-fogo deveriam acabar e que a "retomada da retirada de civis e rebeldes deveria acontecer o mais rápido possível".


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