Folha de S. Paulo


Brasil vai reassentar refugiados de Honduras, El Salvador e Guatemala

O governo brasileiro vai lançar no início do ano um programa para reassentar refugiados do chamado "Triângulo do Norte", formado por Honduras, El Salvador e Guatemala.

Essa região da América Central tem o maior índice de assassinatos do mundo (excetuando-se zonas que estão em guerra declarada).

Nos últimos anos, quase 10% da população de cerca de 30 milhões dessa região emigrou por causa da pobreza e da guerra entre gangues, a maioria em direção aos Estados Unidos. Mas muitos acabam em campos de refugiados superlotados e com condições sanitárias precárias no México e na Costa Rica. São esses que o governo brasileiro quer reassentar.

Segundo o Conare (Comitê Nacional para Refugiados), o Brasil tem 8.863 refugiados, sendo a maior parte da Síria (2.298), de Angola (1.420) e da Colômbia (1.100). Outros 25 mil vivem no país enquanto aguardam a decisão do Conare sobre pedido de refúgio.

Mas o país tem números muito baixos de reassentamento de refugiados —700, no total. Em 2015, foram apenas 33.

Jorge Luis Plata/Reuters
Central American migrants stand atop wagons while waiting for the freight train
Migrantes da América Central esperam um trem levá-los ao norte do México, de onde seguirão aos EUA

Segundo Gustavo Marrone, secretário nacional de Justiça e Cidadania e presidente do Conare, os números são baixos porque o reassentamento depende de recursos do Acnur, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados.

Agora, segundo ele, haverá R$ 1 milhão no orçamento de 2017 para implementar o projeto-piloto, que visa trazer cerca de 60 a 70 refugiados hondurenhos, salvadorenhos e guatemaltecos vivendo no México e Costa Rica, principalmente crianças e mulheres.

O ministério fará uma missão que viajará a esses países para identificar refugiados interessados em ser reassentados no Brasil. Eles devem ir para algumas cidades já preparadas para receber refugiados, como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e outros 13 municípios menores no Rio Grande do Sul.

ESTADOS UNIDOS

O governo americano vem pressionando vários países a acolherem um número mais significativo de refugiados centro-americanos.

Hoje, cerca de 90% das pessoas que atravessam de forma ilegal a fronteira dos EUA com o México vêm do Triângulo do Norte.

Só neste ano, 47 mil crianças desacompanhadas vindas desses países entraram ilegalmente nos EUA.

A Casa Branca vem negociando com o governo do México para que o país impeça os centro-americanos de irem para a fronteira americana. Mas o país vizinho diz estar sobrecarregado.

Na cúpula de refugiados organizada pela Casa Branca, logo após a reunião da ONU sobre o mesmo tema, em setembro deste ano, os países concordaram em aumentar o volume de recursos para um fundo de reassentamento de refugiados.

Segundo o secretário Gustavo Marrone, do Conare, após o projeto-piloto, o governo brasileiro pretende reassentar mais refugiados do Triângulo do Norte usando recursos desse fundo.


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