Folha de S. Paulo


Áustria tem novas eleições e chance de vitória da extrema-direita

Erwin Scheriau/AFP
Austrian far-right Freedom Party (FPOe) presidential candidate Norbert Hofer arrives at a polling station to cast his ballot in Pinkafeld, Austria, on December 4, 2016. / AFP PHOTO / APA / ERWIN SCHERIAU / Austria OUT ORG XMIT: apa:20161204-33339286-2
O vice-presidente do Parlamento, Norbert Hofer, é candidato do Partido da Liberdade da Áustria

Os austríacos voltam às urnas neste domingo (4) para o segundo turno da eleição presidencial, acompanhada muito de perto pela possibilidade de o país eleger seu primeiro líder de extrema-direita desde a Segunda Guerra (1938-1945).

Na disputa estão o vice-presidente do Parlamento, Norbert Hofer, 45, candidato do ultradireitista Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), e o independente Alexander Van der Bellen, 72.

É a segunda vez no ano que os eleitores são convocados para esse segundo turno. Van der Bellen venceu a votação ocorrida no dia 22 de maio com 50,3% contra 49,7% do candidato de extrema-direita, uma diferença de 31.026 votos.

Hofer, no entanto, contestou na Justiça o resultado das eleições, afirmando que a lei foi infringida de diversas formas na maioria dos 117 distritos eleitorais onde a votação ocorreu e apontando para problemas com a triagem de votos de ausentes antes que oficiais da comissão eleitoral tivessem chegado ao local.

A Corte Constitucional da Áustria, a mais alta do país, determinou, então, que o país deveria ter novas eleições para a Presidência.

Os dois candidatos representam vertentes opostas da política. Hofer tem uma visão eurocética e contrária à imigração, enquanto Van der Bellen se apresenta como um ecologista liberal.

Embora o papel do presidente seja protocolar, já que o chefe de Estado austríaco tem competências limitadas, a eleição de Hofer somaria uma nova vitória populista depois do "brexit" no Reino Unido e de Donald Trump nos Estados Unidos.

O que está em jogo neste domingo é "a direção que a Áustria tomará (...) como vemos nosso futuro (...) e como queremos que o mundo nos veja", disse Van der Bellen em seu último discurso de campanha.

Hofer, cujo partido foi fundado por ex-nazistas, disse no sábado (3) que "a Europa atravessa uma crise profunda" que deve ser resolvida concentrando menos poderes supranacionais em Bruxelas.

"É preciso se livrar do sistema empoeirado", disse, sem fazer nenhuma referência à possibilidade de que o país saia do pacto europeu.

Esse cenário, batizado por Van der Bellen como "Öxit" —pela combinação de "Österreich" (Áustria, em alemão) e "exit" (saída)— não foi citado em nenhum momento por Hofer.

Um total de 6,4 milhões de eleitores estão convocados às urnas —em maio, 72,6% compareceram. A maioria dos colégios eleitorais abriu às 7h locais (4h de Brasília) e fechará às 17h (14h de Brasília), e a partir deste momento serão publicadas as primeiras estimativas.

No entanto, o ministério do Interior indicou que os resultados não serão anunciados antes de segunda-feira (5), quando os votos por correspondência serão incorporados.

No segundo turno que foi anulado, os votos por correio representaram cerca de 16,7% do total e favoreceram amplamente Van der Bellen.

Neste domingo também são realizadas eleições na Itália, onde os eleitores se pronunciarão sobre uma reforma da Constituição.


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