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'Brexit' enfrentará teste no Supremo Tribunal Britânico

Andy Rain/Efe
A primeira-ministra britânica, Theresa May, fala sobre o 'brexit' e a economia do Reino Unido durante congresso anual em Londres
A primeira-ministra britânica, Theresa May, fala sobre o 'brexit' e a economia do Reino Unido durante congresso anual em Londres

O governo da primeira-ministra Theresa May terá um desafio na próxima segunda-feira (5) contra uma decisão do tribunal que exige aprovação parlamentar para iniciar o processo de saída da União Europeia, decisão que poderia perturbar os planos britânicos do 'brexit'.

Se o Supremo Tribunal, mais alto órgão jurisdicional do Reino Unido, rejeitar o recurso do governo, isso pode desviar o calendário de May para usar o artigo 50 do Tratado de Lisboa e deixar a UE.

A luta do governo tem como pano de fundo afirmações de alguns políticos e jornais de que os juizes estão querendo frustrar o 'brexit'.

Será o caso mais complexo do tribunal desde que surgiu há sete anos e deve durar quatro dias. Pela primeira vez todos os seus 11 juízes vão sentar-se no painel e o veredito está previsto para janeiro.

"O caso levanta questões difíceis e delicadas sobre a relação constitucional entre governo e parlamento", disse Brenda Hale, vice-presidente da Suprema Corte no mês passado.

Se May ganhar, ela pode prosseguir com seus planos de invocar o Artigo 50 até o final de março. Mas se perder, o parlamento pode teoricamente bloquear o 'brexit', uma vez que a maioria dos parlamentares apoiou permanecer na UE num referendo em junho, embora poucos esperem tal resultado.

Em sinal de como o processo pode ser espinhoso para May, o partido liberal-democrata da UE diz que votaria contra o Artigo 50 a menos que houvesse um novo referendo sobre o acordo final do Brexit, concessão que May não tende a fazer.

Outras partes podem apresentar argumentos legais, incluindo o governo galês descentralizado e o Sindicato dos Trabalhadores Independentes da Grã-Bretanha, que representa principalmente trabalhadores migrantes de baixa remuneração. O mesmo acontecerá com o governo escocês, que se opõe ao 'brexit' e tem procurado formas de manter a Escócia na UE.

A corte foi interposta pela gestora de fundos de investimento Gina Miller.

Miller disse suspeitar que May pode estar feliz em perder, com a batalha judicial proporcionando uma distração útil para divisões ministeriais e a indecisão sobre o 'brexit'.

A votação de junho para deixar a UE expôs profundas divisões no Reino Unido, e alguns políticos pró-'brexit' condenaram o Tribunal Superior por desprezar a democracia.

O jornal "Daily Mail" chamou os três altos juízes envolvidos de inimigos do povo.


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