Folha de S. Paulo


EUA deixarão Parceria Transpacífico no primeiro dia de governo, diz Trump

Em meio a uma maratona de reuniões com candidatos a compor o seu governo, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou um vídeo nesta segunda (21) em que anuncia uma série de ações executivas que tomará "no primeiro dia" de sua administração.

Entre elas, a retirada do país da Parceria Transpacífico (TPP), a principal iniciativa de comércio internacional do presidente Barack Obama, que chamou de "um potencial desastre" para o país.

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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em primeiro pronunciamento pela TV após a eleição
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em primeiro pronunciamento

"Em seu lugar, nós vamos negociar acordos bilaterais justos, que tragam de volta empregos e indústrias de volta para a América", disse Trump em seu primeiro pronunciamento à nação desde seu discurso da vitória, no dia 9. O principal foco do anúncio foi a economia e a criação de empregos.

O TPP foi alvo constante de ataques de Trump durante a campanha e acabou tornando-se um dos maiores vilão de ambos os lados da disputa, com a oposição ao acordo vindo também de sua adversária, a democrata Hillary Clinton, correligionária de Obama.

MEDIDAS

Trump também anunciou uma primeira medida sobre imigração, outro carro-chefe de sua campanha presidencial, afirmando que ordenará o departamento do Trabalho a investigar "abusos em programas de vistos que prejudicam o trabalhador americano". Não houve menção às deportações em massa que ele prometeu ordenar enquanto era candidato.

Outras medidas anunciadas por Trump para o início de seu governo incluem a suspensão de restrições à produção de energia, incluindo o gás de xisto, um plano para proteger o país de ataques cibernéticos e a imposição de um veto de cinco anos a ex-membros do governo que queiram se envolver em lobby político. Para lobbies em favor de governos estrangeiros, o veto será "para toda a vida".

Além disso, Trump anunciou que pretende reduzir as regulações, mais uma de suas promessas frequentes na campanha. "Para cada nova regulação, duas regulações antigas devem ser eliminadas", afirmou.

TRANSIÇÃO

Numa aparente resposta às notícias de que o processo de transição estava sendo conduzido de forma desordenada e até caótica, Trump disse que sua equipe está trabalhando "de forma suave e eficaz" e que "patriotas de fato" estavam sendo chamados para compor o governo e "fazer a América grandiosa novamente", seu slogan de campanha.

"Minha agenda será baseada num princípio simples: colocar a América em primeiro lugar. Seja produzindo aço, construindo carros ou curando doenças, eu quero que a próxima geração de produção e inovação aconteça aqui, em nossa grande pátria, America, criando riqueza e empregos para os trabalhadores americanos", disse o presidente eleito.

Trump disse que as medidas anunciadas são apenas algumas das ações que tomará assim que tomar posse, no dia 20 de janeiro, para "reformar Washington e reconstruir nossa classe média', e prometeu novas atualizações em breve.

Nesta segunda prosseguiu na sede de seus negócios, em Nova York, a sequência de encontros que Trump havia mantido no fim de semana em seu clube de golfe em Nova Jersey. Até agora o presidente eleito já anunciou o chefe de gabinete, o estrategista-chefe, o secretário de Justiça, o chefe da CIA (agência de inteligência) e o assessor de segurança nacional.

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Parceria Transpacífico (TPP)

O QUE É?
Assinado em outubro de 2015 por 12 países, após oito anos de negociações, é o maior acordo comercial da história, abrangendo 800 milhões de pessoas e 40% do PIB e mundial

QUEM ESTÁ DENTRO?
EUA, Japão, Malásia, Vietnã, Cingapura, Brunei, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, México, Chile e Peru.

Editoria de Arte/Folhapress
Transpacifico

QUAL O OBJETIVO?
Aprofundar laços econômicos entre os membros, com redução de barreiras tarifárias e regras uniformes em áreas como propriedade intelectual e transparência

POR QUE É CRITICADO?
Um dos principais alvos é uma cláusula que permite que empresas estrangeiras recorram de decisões governamentais em cortes internacionais de arbitragem

O QUE DIZEM OS EUA?
Acordo é peça central da estratégia do governo Obama de ampliar mercados e influência na Ásia e conter China, que ficou de fora


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