Folha de S. Paulo


Obama e líderes europeus reforçam comprometimento com a Otan

Reunidos em Berlim nesta sexta-feira (18), o presidente norte-americano Barack Obama e os principais líderes europeus reforçaram o seu comprometimento com a Otan (aliança militar ocidental).

O assunto é especialmente relevante após a eleição de Donald Trump na semana passada. O republicano questionou em mais de uma ocasião o papel da Otan.

Os seis líderes globais também condenaram a participação da Rússia no conflito civil sírio e na Ucrânia.

Kay Nietfeld/ AFP PHOTO
Barack Obama (esq.) em encontro com líderes europeus realizado em Berlim
Barack Obama (esq.) em encontro com líderes europeus realizado em Berlim

Obama se reuniu com a chanceler alemã, Angela Merkel, a premiê britânica, Theresa May, o premiê italiano, Matteo Renzi, o premiê espanhol, Mariano Rajoy e o presidente francês, François Hollande. Após a reunião, ele viajou para o Peru.

Essa deve ser sua última viagem ao exterior como presidente dos Estados Unidos. Antes, ele esteve em Atenas.

Com a vitória de Trump na semana passada, o giro teve como um de seus objetivos tranquilizar os líderes europeus. Obama pediu que a União Europeia trabalhe com o republicano, apesar das divergências de ideologia.

Em Berlim, ele reforçou sua crença no comprometimento de Trump com a Otan.

Após o encontro de sexta-feira, a Casa Branca divulgou uma nota afirmando que os líderes reunidos "concordaram a respeito da necessidade de trabalhar coletivamente para avançar a agenda transatlântica, particularmente na estabilização do Oriente Médio e da África".

Eles também reafirmaram em Berlim "a importância da cooperação contínua por meio de instituições multilaterais", o que inclui a Otan.

DEFESA

Trump pediu, durante a sua campanha, uma maior colaboração de Estados europeus para o orçamento da Otan. Essa é uma postura comum a Obama e Hillary Clinton, derrotada no pleito. A própria Otan reconhece a necessidade de rever a colaboração de seus membros.

Mas a retórica do republicano é entendida como uma ameaça, na União Europeia, e como um risco ao tratado.

Trump questionou também a obrigação de os EUA defenderem um aliado no caso de um ataque russo. Esse é justamente um dos fundamentos da aliança militar.

Ademais, Trump declarou sua admiração por Vladimir Putin, presidente da Rússia e, portanto, rival da Otan. Há temor de que Putin se aproveite do vazio de poder deixado pela saída de Obama para expandir sua influência.

Em Berlim, Obama e os europeus reiteraram a manutenção das sanções contra a Rússia devido a sua intervenção militar na Ucrânia. O governo de Putin anexou em 2014 a região da Crimeia.

Eles também mantiveram sua crítica à atuação russa na Síria. Putin é o principal aliado do ditador Bashar al-Assad e é acusado por organizações humanitárias pelos intensos bombardeios em áreas civis. A participação russa é fundamental à campanha de Assad em Aleppo.

Em meio à ansiedade a respeito da posição de Trump, Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, disse na sexta-feira estar seguro de que Trump irá manter a liderança dos EUA na aliança militar. Ambos conversaram por telefone durante o dia.

COMÉRCIO

Outro assunto debatido por Obama e os líderes europeus nesta semana foi o futuro das negociações por um acordo de comércio entre EUA e Europa, o chamado TTIP. Trump é hostil à ideia, defendida por Obama e Merkel em um artigo conjunto.

A chanceler alemã afirmou na quinta-feira que o acordo não deve ser concluído, agora, após a eleição de Trump. A expectativa é de que as tratativas sejam paralisadas.

Com o fim da Presidência de Obama, Merkel é considerada a herdeira de seu projeto político. Ambos concordam, por exemplo, sobre a necessidade de reforçar as relações transatlânticas.

Ainda não está claro se a chanceler vai concorrer no ano que vem a um novo mandato. Ela acumula o cargo há 11 anos. Há uma coletiva de imprensa prevista para o domingo (20), com o possível anúncio da candidatura.


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