Folha de S. Paulo


Trump escolhe líder do establishment como chefe de gabinete

A Casa Branca de Donald Trump começa a tomar corpo: o presidente eleito anunciou neste domingo (13) que o presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, será seu chefe de gabinete.

A escolha de um nome do quadro partidário para um posto-chave de sua administração é um aceno ao establishment da legenda, que se arrepiava com outro candidato ao cargo: Stephen Bannon.

Jim Watson/AFP
Reince Priebus, presidente do Partido Republicano, durante evento de campanha de Trump em Nova York
Reince Priebus, presidente do Partido Republicano, durante evento de campanha de Trump em Nova York

Ele era o presidente do Breitbart News até ser chamado para chefiar a campanha de Trump. Bannon será, segundo o comunicado, "estrategista-chefe" e "conselheiro-sênior" no governo Trump.

Seu site virou plataforma para muitas das ideias mais radicais da chamada "alt-right" (direita alternativa). Cresceu em audiência na medida em que elevou o tom contra líderes republicanos.

Lá o presidente da Câmara, Paul Ryan, foi chamado de "fracasso". O senador do Arizona e ex-presidenciável John McCain virou alvo por apoiar uma reforma da imigração ("ele é o 'poster boy' para a desonestidade do establishment").

E o líder da maioria no Senado, Mitch McConell, foi acusado de fazer mais pela democrata Hillary Clinton do que pelo candidato do partido: "A elite republicana poderia sobreviver a uma vitória dela, mas as chances de superar uma de Trump são bem menores".

Durante as prévias partidárias, Priebus não tinha a melhor das relações com Trump. O empresário chegou a acusá-lo de ser conivente com aqueles que tentavam orquestrar sua derrubada. "Priebus deveria ter vergonha, porque ele sabe o que está acontecendo", disse em abril.

Os dois se aproximaram nos últimos meses, e o republicano foi recompensado com um dos postos mais graduadas da futura Casa Branca (equivalente, no Brasil, a ministro da Casa Civil).

Priebus é visto como uma ponte com congressistas republicanos após Trump passar a campanha prometendo "drenar o pântano", como se referia à "turma de Washington". O partido manteve maioria na Câmara e no Senado, e a nomeação seria uma forma de garantir boa relação entre Executivo e Legislativo.

Trump já agradara republicanos reticentes com sua vitória ao apontar seu vice, Mike Pence, como chefe da equipe de transição. Nome querido em Washington, o governador de Indiana é também um elo com outros líderes estaduais.

Para tanto, o bilionário "despromoveu" do posto o governador de Nova Jersey, Chris Christie, um dos primeiros a apoiar sua candidatura. Christie era um quadro menor na hierarquia interna.

No e-mail em que divulgou a novidade, a equipe de Trump pôs panos quentes em possíveis desavenças internas, com declarações de Bannon (de perfil ideológico) e Priebus (mais um operário da legenda).

A primeira fala transcrita é do presidente eleito: "Steve e Reince são líderes altamente qualificados que trabalharam bem juntos em nossa campanha e nos levaram a uma vitória histórica. Agora tenho os dois comigo na Casa Branca e vamos trabalhar para fazer a América ser grandiosa de novo".

Em seguida, Bannon agradece pela "oportunidade de trabalhar com Reince", após "uma parceria muito bem-sucedida". Já Priebus se diz honrado pela chance de ajudar Trump a realizar sua agenda, como "proteger nossas fronteiras" e "repelir o Obamacare".


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