Folha de S. Paulo


Manifestantes marcham por Nova York para 'demitir' Donald Trump

Eles marcharam 45 ruas sob a chuva para dar um recado ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump : "Você está demitido".

O bordão de Trump no reality "O Aprendiz" foi um dos vários gritos que ecoaram entre milhares de manifestantes em Nova York e em pelo menos outras seis cidades dos EUA na noite de quarta-feira (9), menos de 24 horas após o republicano ser escolhido como o novo chefe da Casa Branca.

Spencer Platt/Getty Images/AFP
 NEW YORK, NY - NOVEMBER 09: Thousands of anti-Trump protesters shut down 5th Avenue in front of Trump Tower as New Yorkers react to the election of Donald Trump as president of the United States on November 9, 2016 in New York City. Trump defeated Democrat Hillary Clinton in an upset to become the 45th president. Spencer Platt/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
Manifestantes protestam em Nova York contra a eleição de Donald Trump para presidente

"Eu avisei, eu avisei", disse Michael Moore à Folha, no meio da multidão.

O documentarista lançou no mês passado "Michael Moore in TrumpLand" e, em julho, escreveu um texto se dizendo convencido de que o republicano venceria Hillary Clinton.

Ali, vaticinava: "Você está numa bolha com câmara de eco adjacente, onde você e seus amigos se convencerem de que o povo não elegerá um idiota para presidente".

"A maioria não queria esse cara lá", disse Moore, lembrando que Hillary teve mais votos populares, mas foi superada no Colégio Eleitoral.

O cineasta caminhava ao lado de um grupo fazia que campanha por um "presidente Moore", o que ele logo descartou: "Sem essa besteira de celebridade, esquece a selfie, vamos marchar, gente".

Enquanto Moore prometia "fazer o que puder para que nossos irmãos latinos não sejam prejudicados", um trio de garotas se protege da chuva com uma bandeira do México. Na corrida, Trump prometeu deportar milhões de imigrantes ilegais e construir um muro na divisa com o país vizinho.

No primeiro e dificilmente último protesto contra o futuro presidente em Nova York também irromperam coros de "black lives matter" (vidas negras importam) e variações com latinos, muçulmanos e transexuais; "one step forward to 50 years back" (um passo à frente para voltar 50 anos); "we want better" (queremos algo melhor); "Trump is a clown, bring that motherfucker down" (Trump é um palhaço, derrubem esse filho da puta); e o mais sintético de todos: "Fuck Trump" (foda-se Trump).

Zoe Guttenplan, 21, segurava um cartaz com o símbolo feminino e um punho cerrado dentro dele. Lia-se: "Pussy grabs back" (a xoxota agarra de volta), referência a um vídeo de 2005 em que Trump dizia "agarrar [mulheres] pela xoxota" quando bem entendesse.

Alguns choravam em frente à Trump Tower na Quinta Avenida de Manhattan, onde o bilionário mora numa cobertura tríplex com design inspirado no rei francês Luís 14 e pinturas clássicas no teto.

A maioria, contudo, gritava. E gritava com força. O filipino Red October, que só aceitou dar seu nome de guerra (outubro vermelho, em português), diz que perto de Trump o presidente de seu país "é um doce" –em setembro, Rodrigo Duterte se comparou com o líder nazista Adolf Hitler e disse que "ficaria feliz" em exterminar 3 milhões de usuários de drogas e traficantes locais.

"Acordei no mesmo clima do 11 de setembro", disse Jessica May, 28, revivendo "a angústia" que sentiu após os atentados de 2001 na cidade. "A diferença é que a gente oficialmente chamava aquilo de terrorismo. Trump a gente chama de presidente."


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