Folha de S. Paulo


Xerife linha-dura contra imigrantes é figura amada e odiada no Arizona

Isabel Fleck/Folhapress
PHOENIX/EUA - O xerife Joe Arpaio, do condado de Maricopa, onde fica Phoenix no Arizona, tira selfies e é cumprimentado por eleitores de Trump após comício do candidato republicano a vice, Mike Pence, em Mesa, nos arredores de Phoenix no dia 2/11/2016. Foto: sabel Fleck/Folhapress ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O xerife Joe Arpaio tira fotos com apoiadores de Trump, no Arizona

Nem Donald Trump, nem Hillary Clinton. A figura pública mais odiada e amada nesta eleição no Arizona se chama Joe Arpaio —o xerife Joe Arpaio.

Prova disso é que nenhum dos dois candidatos à Presidência —ou seus companheiros de chapa— podem discursar no Estado sem mencionar o "xerife mais linha-dura do país", como ele mesmo se define.

Na última quarta (2), foi ele quem abriu o comício de Mike Pence, candidato a vice de Trump em Mesa, nos arredores de Phoenix, defendendo ação radical contra a imigração ilegal.

Horas depois, em discurso em Tempe, a 10 km dali, Hillary criticaria o xerife, que é, segundo ela, o "principal assessor de Trump sobre imigração".

"[Arpaio é] a pessoa que estava à frente da pior forma de 'racial profiling' [perseguição a determinados grupos raciais em abordagens policiais] feita por um órgão de segurança na história da América", disse. "Imagine Trump indicando o xerife como próximo secretário de Segurança Interna para coordenar sua máquina de deportação massiva?"

Arpaio, 84, que há seis mandatos consecutivos é xerife de Maricopa, condado que inclui Phoenix, também disputará as eleições em 8 de novembro —para permanecer no posto.

No entanto, ele pode ser freado pela Justiça, já que, em outubro, foi acusado de não seguir as ordens de um juiz que tentou frear sua conduta discriminatória contra os latinos em ações policiais. Ele é acusado pelos hispânicos de perseguição e abuso de poder. Se condenado, pode cumprir pena de até seis meses.

Outras polêmicas envolvem Arpaio, como ter deixado de lado a investigação sobre os casos de estupro de duas jovens ou obrigado presos a usarem cuecas rosas para que elas não fossem "roubadas" quando deixassem a prisão.

À Folha, após o comício em Mesa, Arpaio defendeu seu trabalho.

"Você precisa ser duro quando quer que um trabalho seja feito. Não tem que fazer sempre o que te dizem pra fazer", afirmou, em referência à ordem que descumpriu.

Entre uma selfie e outra com seus admiradores, ele defendeu seu candidato. "Trump vai garantir que os ilegais sejam deportados e, se voltarem ao país, serão presos. Se a Hillary vencer, vamos ter mais imigrantes vindo ilegalmente. E os que já estão aqui vão ficar para sempre."

Cabo eleitoral do republicano no Arizona, ele ouviu de eleitores de Trump agradecimentos por seu trabalho. "Temos orgulho de você", disse uma senhora, antes de pedir uma foto.

No comício de Hillary, horas depois, um grupo circulava com camisetas "Adiós, Arpaio". "É a nossa chance tirá-lo. Ele representa o que de pior o Estado tem", disse a estudante Cintia Montes, filha de mexicanos.

Arpaio diz não se importar com as críticas nem com Hillary. "Nem meu nome ela sabe falar direito, mesmo lendo no teleprompter."

Isabel Fleck/Folhapress
Phoenix/EUA - A estudante Cintia Montes, filha de mexicanos, usa camiseta
A estudante Cintia Montes, filha de mexicanos, usa camiseta "Adiós Arpaio", em Tempe

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