Folha de S. Paulo


Turquia prende 12 parlamentares pró-curdos e tem ataque com carro-bomba

Horas depois de as autoridades da Turquia deterem 12 parlamentares pró-curdos, a explosão de um carro-bomba matou oito pessoas e feriu outras cem nesta sexta-feira (4) em Diyarbakir, maior cidade de maioria curda no sudeste do país.

O atentado foi provocado com um micro-ônibus equipado com explosivos e aconteceu próximo à sede da polícia para onde os legisladores detidos haviam sido levados. O gabinete do governo de Diyarbakir disse que o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado uma organização terrorista pelas autoridades curdas) reivindicou a autoria do ataque.

Ilyas Akengin/AFP Photo
People run the streets near the explosion site on November 4, 2016 after a strong blast in the southeastern Turkish city of Diyarbakir. Eight people were killed, including two police, and over 100 wounded in a car bombing by Kurdish militants in the southeastern Turkish city of Diyarbakir, Prime Minister Binali Yildirim said on November 4, 2016, updating an earlier toll. The blast, which Yildirim said was carried out by the outlawed Kurdistan Workers Party (PKK), targeted a police headquarters hours after top Kurdish politicians were detained in an unprecedented police crackdown. / AFP PHOTO / ILYAS AKENGIN ORG XMIT: 9256
Pessoas correm pelas ruas de Diyarbakir, na Turquia, após explosão de carro-bomba

Durante a madrugada, a polícia turca prendeu 12 parlamentares da sigla pró-curda HDP (Partido Democrático dos Povos) que haviam se recusado a depôr sobre acusações de associação com o terrorismo. Dentre os legisladores detidos estão os colíderes do partido, Selahattin Demirtas e Figen Yusekdag.

Além disso, o HDP diz que a sede do partido na capital, Ancara, foi vasculhada pela polícia.

Após as prisões dos legisladores, o acesso a redes sociais como Twitter, Facebook e Whatsapp foi bloqueado na Turquia, segundo o grupo de monitoramento da internet Turkey Blocks. Bloqueios temporários de determinados sites são frequentes no país.

A chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, disse estar "extremamente preocupada" com a detenção dos parlamentares do HDP e disse ter convocado uma reunião entre os embaixadores de países-membros do bloco europeu em Ancara para discutir o assunto.

O governo da Alemanha exigiu a soltura dos legisladores pró-curdos e convocou o embaixador turco em Berlim para esclarecimentos.

As detenções ocorrem em meio à escalada na repressão contra dissidentes e a um estado de emergência implementado em julho, após uma tentativa frustrada de golpe militar contra o presidente Recep Tayyip Erdogan.

Quem são os curdos

Atualmente, promotores turcos investigam mais de 50 dos 59 parlamentares da bancada do HDP, segunda maior sigla opositora do país. O governo diz que o HDP mantém relações com os militantes armados do PKK, mas a sigla nega a acusação.

A prisão dos parlamentares do HDP e o atentado em Diyarbakir marcam a retomada das tensões entre o governo turco e a minoria étnica curda. Há três décadas, o PKK mantém uma insurgência no sudeste do país.


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