Folha de S. Paulo


Celebridades são novo alvo de presidente filipino na guerra antidroga

Enquanto o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, se preparava para visitar o Japão nesta terça (25), o chefe da Polícia Nacional (PNP), Ronaldo dela Rosa, tratou de atrair os holofotes ao declarar que entregou ao chefe do governo uma lista de 30 celebridades envolvidas com drogas.

Duterte, que completou há pouco cem dias de governo, deflagrou uma "guerra aos entorpecentes" no país que já matou 4.715 suspeitos, segundo atualização feita nesta terça pela polícia filipina.

Desse total, 1.714 morreram em operações policiais; 3.001 assassinatos são atribuídos a justiceiros ou esquadrões da morte. Outros 31.420 suspeitos foram presos.

General "Bato", como é conhecido o chefe da PNP, disse à imprensa filipina que vai esperar uma ordem de Duterte para começar a submeter as celebridades suspeitas a operações "Oplan Tokhang".

O termo, no idioma das ilhas visayas, significa "toc-toc renda-se" e batiza a campanha em que a polícia bate na porta das casas dos suspeitos e sugere que eles se entreguem para investigação.

Os que aceitam se livram de ser presos, mas passam a ser vigiados e respondem a processo.

Até esta terça 2.580.958 casas foram visitadas e mais de 751 mil pessoas se entregaram, das quais 54,7 mil são traficantes e as outras, usuárias, segundo a PNP.

Ao jornal "Philippine Daily Inquirer", a polícia afirmou que o plano é que as celebridades suspeitam sirvam como exemplo.

"Vamos reunir todos eles, com transmissão pela TV, e dizer 'por favor, parem'. Vocês estão envergonhando a todo um povo e aos jovens de quem são ídolos", disse ele. A mídia será convidada a acompanhar a ação.

O chefe da PNP afirmou que eles serão processados como qualquer outro suspeito que se rende numa operação antidroga.

Neste mês, o governo filipino prendeu um ator —Marc Anthony Fernandez, que pode pegar prisão perpétua por uso de maconha— e duas "sexy stars", Sabrina M. and Krista Miller.

'SHABU'

Situada numa região de intenso fluxo marítimo, as Filipinas se tornaram importante entreposto comercial desde o século 16. A localização geográfica, porém, também favoreceu o surgimento de um dos principais entrepostos de entorpecentes do Sudoeste Asiático.

Dados da PDEA (Agência de Combate às Drogas das Filipinas) apontam que 92% dos distritos da região metropolitana de Manila têm casos ligados a droga —a mais comum é o clorhidrato de metanfetamina (89%), seguida de maconha (8,9%).

A metanfetamina, chamada no país de shabu, foi disseminada na região durante a Segunda Guerra —era distribuída aos soldados, principalmente do Eixo, para que resistissem por mais horas na batalha.

Segundo levantamento da ONU, as Filipinas têm a maior taxa de uso de shabu na Ásia Oriental. A droga vem do Japão, da China e da Coreia, mas também é produzida localmente.

O tráfico na região é controlado por quadrilhas chinesas, de acordo com o governo americano.


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