Folha de S. Paulo


Após deserções em sua base de apoio, Donald Trump ataca republicanos

Sob pressão desde o fim de semana, quando foi divulgado um vídeo em que fazia comentários machistas, o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, agravou sua relação com o partido que representa na eleição.

Em uma série de declarações públicas, ele atacou lideranças do partido, ameaçando mergulhar a legenda em um conflito que pode implodir sua base de apoio a menos de um mês da votação.

Depois de enfrentar uma avalanche de críticas e deserções, Trump disse que não está "acorrentado" e passou esta terça-feira (11) criticando os republicanos "desleais".

Fotomontagem/AFP Photo
O presidente da Câmara dos EUA, Paul Ryan (à esq.), e o candidato republicano à Presidência, Donald Trump
O presidente da Câmara dos EUA, Paul Ryan (à esq.), e o presidenciável republicano, Donald Trump

Segundo ele, seus companheiros de partido são mais difíceis do que a sua rival democrata, Hillary Clinton. "Eles veem de todos os lados", disse. "Eles não sabem vencer —eu vou ensiná-los."

A reação mais forte do candidato foi contra o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, que um dia antes disse que não defenderia Trump nem faria campanha para o empresário.

"É difícil se sair bem quando Paul Ryan e outros dão apoio zero!", escreveu Trump, que ainda chamou Ryan de "fraco e ineficiente" como líder do partido na Câmara.

O candidato republicano também atacou o senador John McCain, candidato à Presidência em 2008, que retirou seu apoio a Trump no fim de semana.

Para o jornal "The New York Times", as declarações podem indicar que Trump pretende responsabilizar seus companheiros de legenda, caso seja derrotado na eleição de novembro.

Segundo o bilionário, os democratas são "muito mais leais uns aos outros do que os republicanos".

"É tão bom que finalmente os grilhões foram retirados, e agora posso lutar pelos EUA do jeito que eu quero", disse.

A candidatura de Trump expôs as divisões do Partido Republicano desde o início das primárias. Mesmo assim, líderes da legenda têm tentado evitar uma "guerra civil" antes das eleições.

A preocupação de alguns dos políticos mais tradicionais é que os comentários sexistas de Trump possam manchar o partido por uma geração.

Sua campanha, marcada por controvérsias, mergulhou numa crise com a divulgação de vídeo de 2005 em que ele se vangloria de "poder fazer qualquer coisa" sexualmente com as mulheres.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse nesta terça que os comentários de Trump constituem abuso sexual.

Apesar de Ryan e outros republicanos terem abandonado a campanha de Trump, o candidato nega que possa abandonar a corrida eleitoral. E ainda tem apoio no partido.

O presidente do Comitê Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês), Reince Priebus, por exemplo, deixou claro aos membros da entidade desde segunda (10) que o RNC, o braço da liderança e da arrecadação do partido, ainda apoia Trump.


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