Folha de S. Paulo


E-mails revelam posição de Hillary mais pró-mercado que na campanha

Justin Sullivan/AFP
PHILADELPHIA, PA - SEPTEMBER 19: Democratic presidential nominee former Secretary of State Hillary Clinton delivers a speech at Temple University on September 19, 2016 in Philadelphia, Pennsylvania. Hillary Clinton is campaigning in Pennsylvania. Justin Sullivan/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
A candidata democrata na Pennsylvania, em setembro

Trechos de palestras feitas por Hillary Clinton a bancos entre 2013 e 2015, divulgados pelo site Wikileaks na sexta-feira (7), revelam opiniões favoráveis ao mercado financeiro e ao livre comércio, num contraste com o discurso que ela adotou na campanha.

Ainda que os discursos não tenham indícios de ilegalidade, já que ocorreram depois que ela deixou o governo, onde ocupou o posto de secretária de Estado (2009-2013), as revelações potencialmente são mais um arranhão à desgastada credibilidade de Hillary, e talvez expliquem por que ela se negou a ceder à pressão para divulgá-los, feita por Trump e Bernie Sanders, que foi seu rival pela candidatura democrata.

Segundo o WikiLeaks, as mensagens foram extraídas do e-mail de John Podesta, chefe de campanha de Hillary. Um deles é de uma palestra ao banco Itaú em 2013, pouco depois de ela deixar o governo. Nele, Hillary defende os benefícios do livre comércio, uma posição que se choca com sua retórica na campanha, em que tem atacado a Parceria Transpacífico (TPP). Maior acordo comercial da história, assinado em 2015 pelos EUA e outros 11 países, o TPP é peça central na estratégia geopolítica do presidente Barack Obama.

"Meu sonho é um mercado comum hemisférico, com comércio aberto e fronteiras abertas", disse no discurso ao banco brasileiro. A assessoria do Itaú não respondeu, até a conclusão desta edição, a um pedido de mais informações sobre a palestra.

Em reportagem de maio, o jornal "New York Post" estimou em US$ 21,6 milhões o total recebido por Hillary por discursos feitos entre abril de 2013, dois meses depois de deixar o governo, e março de 2015. A interação com os banqueiros indica uma proximidade bem maior com o mercado financeiro do que ela mostra na campanha, em que costuma prometer maior regulação para impedir abusos que levaram à crise de 2008.

Num evento do banco Goldman & Sachs em 2013, ela sugeriu que os banqueiros participassem da reforma do sistema financeiro: "Ninguém conhece melhor o setor".


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