Folha de S. Paulo


Derrotados no Nobel da Paz, Capacetes Brancos já salvaram 62 mil na Síria

Havia expectativa de que os voluntários da Defesa Civil Síria, também conhecidos como Capacetes Brancos, fossem premiados na sexta-feira (7) com o Nobel da Paz. Eles foram, porém, derrotados pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos.

Parte da ansiedade em torno dos Capacetes Brancos foi criada no festim de mensagens compartilhadas nos últimos dias pelas redes sociais em apoio a esse grupo. Celebridades como o cantor Justin Timberlake e o diretor Pedro Almodóvar endossavam também a candidatura.

Ameer Alhalbi-4.out.2016/AFP
A Syrian civil defence volunteer, known as the White Helmets, holds the body of a child after he was pulled from the rubble following a government forces air strike on the rebel-held neighbourhood of Karm Homad in the northern city of Aleppo, on October 4, 2016. Syrian regime forces advanced against rebels during intense street battles in the heart of Aleppo, after the United States abandoned talks with Russia aimed at reviving a ceasefire deal. / AFP PHOTO / AMEER ALHALBI
Voluntário dos Capacetes Brancos retira corpo de criança de escombros em Aleppo, na Síria

Grandes meios de comunicação, como o jornal britânico "Guardian", por sua vez pediram explicitamente a vitória dos voluntários -heróis de um documentário exibido em setembro pelo Netflix.

Com a frustração da derrota pelo presidente colombiano, simpatizantes da organização se mobilizavam durante o dia para insistir na necessidade de doações ao trabalho que, com ou sem Nobel, segue adiante na Síria.

O Nobel da Paz entrega o equivalente a R$ 3 milhões. Em 2015, quatro organizações da sociedade civil tunisiana receberam o prêmio e dividiram o valor entre si.

DESARMADOS

O trabalho dos Capacetes Brancos segue um lema extraído do Alcorão, o livro sagrado do islã, que diz que salvar uma vida equivale a salvar toda a humanidade.

Esses voluntários afirmam já ter salvo 62 mil vidas no resgate de vítimas dos ataques aéreos em regiões controladas por forças rebeldes. O trabalho é extremamente arriscado, pois coloca os seus membros justamente nas áreas mais perigosas.

Eles buscam sobreviventes embaixo dos escombros, sob o risco de novos bombardeios ou desmoronamentos.

São 3.000 voluntários que, segundo o site da campanha pelo prêmio Nobel, trabalham "desarmados e de maneira imparcial" no terreno.

Há estimativas de que quase 500 mil pessoas já morreram desde o início da guerra, em março de 2011.

O ditador Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia, tem recentemente avançado em áreas como a cidade de Aleppo, outrora um de seus principais centros urbanos.

A candidatura dos Capacetes Brancos, apesar de elogiada no exterior, não foi unânime. A organização é criticada pelo regime sírio, por exemplo, que acusa os voluntários de ter tendências favoráveis aos rebeldes.

Financiados por doações internacionais, eles são também acusados de representar os interesses externos no confronto, o que rejeitam.

Em sua conta oficial no Twitter, os voluntários parabenizaram o presidente colombiano e, minutos depois, noticiaram um ataque aéreo a um de seus centros na cidade síria de Hama. Escreveram: "De volta ao trabalho."

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