Folha de S. Paulo


Furacão Matthew devasta Haiti, onde número de mortos passa de 330

A passagem do furacão Matthew pelo Haiti nesta semana deixou ao menos 339 mortos, segundo contagem da agência Reuters com base em números de equipes da ONU e do governo haitiano, que na terça-feira (4) informava apenas cinco mortes.

O número de vítimas cresceu rapidamente nesta quinta-feira (6), à medida que as equipes de resgate chegavam a locais no sul e sudoeste do país que estavam debaixo d'água após as fortes chuvas provocadas pelo furacão.

Muitas das vítimas morreram devido à queda de árvores, rios inundados e destroços carregados pelos ventos de até 230 km/h, em cidades e vilas de pescadores na península de Tiburon, no sudoeste do país, por onde o furacão passou entre segunda (3) e terça-feira.

"Não temos mais nada para sobreviver, toda a colheita se foi, todas as árvores com frutos se foram. Eu não tenho ideia de como isso vai ser arrumado", afirmou, em desespero, o vice-prefeito da cidade de Chantal, próxima a Les Cayes, capital do Departamento Sul.

"Dezenas morreram na cidade costeira de Les Anglais", afirmou Louis Paul Raphael, do governo do Departamento Sul. "Eu nunca vi nada assim." Les Anglais foi uma das primeiras cidades a serem atingidas pelo furacão, e desde segunda-feira estava inacessível.

Matthew é o furacão mais forte no Caribe em uma década, e sua chegada à Flórida era esperada para a noite desta quinta-feira. Além do Haiti, ele deixou quatro mortos na vizinha República Dominicana.

CÓLERA

A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) afirmou nesta quinta-feira que está se preparando para um possível surto de cólera no Haiti depois do furacão Matthew, já que as inundações podem contaminar a água.

Em um hospital público na cidade de Les Cayes, a maioria dos médicos não havia aparecido para trabalhar desde que buscaram abrigo durante a passagem do furacão. Água e comida são escassas nos abrigos.

A devastação no Haiti levou ao adiamento na eleição presidencial marcada para o próximo domingo (9).

Pobreza, um governo fraco e condições de vida precárias para muitos de seus habitantes fazem do Haiti um país particularmente vulnerável a desastres. Em 2010, um terremoto de magnitude 7 destruiu a capital haitiana, Porto Príncipe, deixando mais de 200 mil mortos.

Logo após o terremoto, integrantes nepaleses das forças de paz da ONU inadvertidamente introduziram o cólera no país, matando ao menos 9.000 pessoas e infectando centenas de milhares.


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