Folha de S. Paulo


Imigrantes tiraram emprego de britânicos, diz primeira-ministra

Em um discurso acusado pela oposição de populista e xenófobo, a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse, nesta quarta (5), que trabalhadores do país perderam emprego para imigrantes.

"Se você é uma daquelas pessoas (...) que tiveram o salário reduzido enquanto as contas aumentavam ou –sei que muitos não gostam de admitir isso– que estão sem emprego ou com baixos salários por causa da imigração pouco qualificada, a vida simplesmente não parece justa", disse May, em um discurso no encontro do Partido Conservador em Birmingham.

Xinhua
A primeira-ministra britânica, Theresa May, discursa na conferência dos conservadores, em Birmingham
A primeira-ministra britânica, Theresa May, discursa no encontro dos conservadores, em Birmingham

Segundo a premiê, para esses britânicos, "parece que seus sonhos estão sendo sacrificados a serviço de outros".

Na sua fala, May sinalizou que usará a vitória do voto pelo Brexit no plebiscito de junho para romper de forma decisiva com o governo do antecessor e correligionário David Cameron, que era contrário à saída britânica da União Europeia.

Segundo ela, a opção pelo Brexit foi uma mensagem de uma parcela da população que "não está mais preparada para ser ignorada".

"É hora de lembrar o bem que o governo pode fazer", disse, acrescentando que é hora de "rejeitar os moldes ideológicos oferecidos pela esquerda socialista e pela direita libertária" e adotar um "novo centro", no qual o governo trabalha "por todos nós".

"Apenas escutem a forma como muitos políticos e comentaristas falam sobre o povo. Eles acham o seu patriotismo de mau gosto, as suas preocupações sobre imigração, paroquiais", afirmou.

XENOFOBIA

O discurso foi rapidamente contestado pela oposição, incluindo o líder do Partido Trabalhador, Jeremy Corbyn, e a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, que a acusou de estimular o sentimento anti-imigração entre os britânicos.

"A visão de Theresa May do Reino Unido após o Brexit é de um país onde as pessoas são julgadas não por sua habilidade ou contribuição para o bem comum, mas por seu local de nascimento ou seu passaporte", disse Sturgeon.

Corbyn, por sua vez, disse que May estava "alimentando as chamas da xenofobia e do ódio nas nossas comunidades" e "tentando culpar os estrangeiros" pelos fracassos do seu próprio partido.

A primeira-ministra assumiu o posto em julho, após a renúncia de Cameron diante do resultado do plebiscito. May sempre foi da ala do partido que apoiava a separação do bloco europeu.

Na fala, ela disse ainda que as negociações com a UE serão "duras", mas que é preciso fazer valer a vontade dos britânicos expressa nas urnas.


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