Folha de S. Paulo


Brasil quer liderar rede de combate a crime no Cone Sul

O interesse brasileiro em liderar um esforço no controle de fronteiras no Cone Sul fez com que o tema prevalecesse na primeira visita oficial do presidente Michel Temer ao Paraguai nesta segunda-feira (3).

A ideia é coordenar, regionalmente, ações de combate ao narcotráfico e ao contrabando. Segundo a Folha apurou, este é um tema cujo possível avanço o governo Temer pretende deixar como marca até 2018.

Após a reunião do presidente brasileiro com o colega paraguaio, Horacio Cartes, o chanceler José Serra anunciou, para o dia 8 de novembro, um encontro em Brasília com os ministros de Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia responsáveis pelas áreas envolvidas no tema, como Defesa, Interior e Justiça.

Beto Barata/Presidencia do Brasil
Presidentes do Paraguai, Horacio Cartes, e do Brasil, Michel Temer, em encontro em Assunção
Presidentes do Paraguai, Horacio Cartes, e do Brasil, Michel Temer, em encontro em Assunção

"O crime é cada vez mais transnacional e o enfrentamento do crime não é, ainda está dentro de fronteiras. Então temos que fazer essa integração, e aqui no Cone Sul é essencial", disse Serra, ao lado do chanceler paraguaio, Eladio Loizaga.

Segundo o brasileiro, a presença dos ministros Raul Jungmann (Defesa), Alexandre de Moraes (Justiça) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) na comitiva que foi à Argentina e ao Paraguai nesta segunda-feira já demonstra a "ênfase grande" que foi dada ao tema na viagem.

Questionado sobre o comprometimento de Cartes –empresário cujas marcas de cigarro são as mais contrabandeadas para o Brasil– no combate a esse tipo de crime, Serra disse ser "fortíssimo".

"Cigarro é uma mercadoria entre várias outras: você tem tráfico de drogas, de armas e de mercadorias, mas não entramos no detalhe de nenhuma", desconversou.

COMÉRCIO E INTERNET

Outro tema do encontro foi o comércio bilateral. Nos últimos três anos, os investimentos brasileiros no Paraguai somaram cerca de US$ 350 milhões.

Os principais atrativos do Paraguai são uma carga tributária menor, além de terra, mão de obra e energia mais baratas.

No último sábado, a JBS inaugurou um terceiro frigorífico no país, com cerca de 400 funcionários. Outras empresas brasileiras, nas áreas de vestuário, autopeças e brinquedos, estão construindo fábricas no país.

As duas partes assinaram, durante a visita, um acordo para melhorar a conexão de internet no Paraguai, com fornecimento do Brasil, aproveitando a linha de transmissão de Itaipu a Assunção inaugurada em 2013, que já possui fibra ótica. Outros acordos que estão em negociação são sobre o setor automotivo e para acabar com a bitributação.


Endereço da página: