Folha de S. Paulo


Premiê britânica anuncia que dará início ao 'brexit' até o fim de março

Theresa May, premiê britânica, vai acionar até o fim de março o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, dando início à separação entre o Reino Unido e a União Europeia, conhecida como "brexit".

Ela fez o anúncio neste domingo (2) durante uma entrevista à rede britânica BBC, após meses de ansiedade em relação ao cronograma para a saída da união.

O Reino Unido votou pelo Brexit em um plebiscito realizado em 23 de junho. Sair do bloco econômico, do qual 28 países fazem parte, será uma medida dramática e sem precedentes na política europeia. As consequências ainda não estão claras.

Tampouco há muitos detalhes sobre como a separação será realizada. Há crescente pressão em May por apresentar ao país um calendário preciso e decisões a respeito de temas como imigração e acordos comerciais.
Por exemplo, não se sabe qual será o status dos europeus que moram e trabalham hoje no Reino Unido, assim como há dúvidas sobre os britânicos fora da ilha.

A questão dos migrantes foi justamente um dos temas centrais do voto pela saída da União Europeia -e influenciará a permanência ou não no mercado comum europeu, que congrega 500 milhões de consumidores.

Sobre esses assuntos, a premiê apenas afirmou, durante a entrevista, que quer conseguir o "acordo correto". "O que estamos fazendo agora é ouvir os empreendimentos aqui no Reino Unido, ouvir os diferentes setores, descobrir o que é mais importante para eles", disse.

Liam Fox, ministro do Comércio Exterior, disse no mesmo dia que o Reino Unido está priorizando a melhor alternativa, e não a mais rápida. "Precisamos nos concentrar na qualidade do relacionamento que teremos."

O acordo final dependerá, no entanto, dos parceiros europeus com que o Reino Unido vai precisar negociar.

França e Alemanha terão eleições no ano que vem, e políticos britânicos criticaram May pelo plano de acionar o Artigo 50 antes disso. Ela possivelmente terá, afinal, diferentes interlocutores durante o processo de saída.

MERCADOS

Se a premiê May cumprir com a data que anunciou neste domingo, o país tem apenas seis meses para organizar-se antes de formalmente pedir sua saída da União Europeia. O processo, em teoria, não tem volta, e deve durar por volta de dois anos.

Dessa maneira, o Reino Unido pode deixar o bloco econômico em 2019, antes das próximas eleições gerais, por ora previstas para 2020.

Há receio de que, com a saída britânica, a União Europeia se enfraqueça diante de rivais como a China e a Rússia. Mercados têm demonstrado ansiedade desde o voto ao "brexit", em junho.


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