Folha de S. Paulo


Trump pede ajuda a seus eleitores para o segundo debate presidencial

"Você acha que Trump deve se referir a Hillary como 'Hillary trapaceira' no palco?". "Você tem algum conselho pessoal a Donald Trump para o próximo debate?"

Essas são algumas das dúvidas do candidato presidencial republicano endereçadas num questionário de 30 perguntas a seus seguidores, logo após o primeiro debate contra sua adversária democrata, Hillary Clinton, em que foi declarado o perdedor por pesquisas e analistas.

Num raro momento de humildade na atual corrida presidencial, a campanha de Trump decidiu estender a seus simpatizantes a preparação para o segundo debate, marcado para o próximo dia 9 na cidade de Saint Louis, no Missouri (meio oeste).

Fiel a seu estilo, o bilionário não se deu por vencido, insistindo que seu desempenho no primeiro cara a cara com Hillary foi "ótimo" e que ele ganhou "de lavada", citando como prova várias votações não científicas em que foi apontado como o vencedor.

Entre membros de sua equipe, porém, ficou claro que Trump perdeu o foco após a primeira hora do debate e perdeu várias oportunidades de encostar Hillary na parede. A conclusão, segundo eles, é que só com mais preparo e disciplina o bilionário conseguirá virar o jogo na revanche em Saint Louis. O desafio é convencer Trump, que se orgulha da capacidade de improviso, a mergulhar em treinamentos meticulosos e nas simulações que sua equipe considera cruciais a fim de prepará-lo para encarar a disciplinada Hillary no segundo debate.

A primeira dificuldade é fazer Trump entender que foi mal no primeiro debate e que precisa se preparar melhor para não levar uma nova surra. Segundo o âncora Howard Kurtz, do canal conservador Fox e simpatizante da candidatura de Trump, alguns membros da equipe do bilionário consideraram seu desempenho um "desastre", embora não admitam publicamente.

Kurtz diz ter ouvido de "uma fonte bem informada" que as sessões de preparação de Trump para o primeiro debate foram caóticas, com gente demais dando conselhos ao republicano, incluindo dois generais que têm assessorado a campanha.

Além de focar numa preparação mais organizada de seu candidato, a campanha de Trump tem insinuado que o bilionário poderia evocar temas pessoais de Hillary e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. Segundo a rede CNN, os porta-vozes de Trump foram explicitamente orientados a mencionar em entrevistas o nome de Monica Lewinsky, a estagiária da Casa Branca com quem Bill teve um caso quando era presidente. O escândalo levou à abertura de processo de impeachment contra o ex-presidente.

A intenção é rebater a tese de Hillary de que Trump desrespeita as mulheres. Mas a ideia de que Trump use a "carta Lewinsky" num debate assusta caciques republicanos, que temem que a manobra se volte contra o bilionário.

"Espero que ele não faça isso", disse o senador republicano Roger Wicker ao site "Politico". "Ele tem que focar no que vai fazer para melhorar a vida dos americanos."

Jonathan Ernst/Reuters
Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA, em campanha na cidade de Council Bluffs, em Iowa, nesta quarta-feira
Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA, em campanha na cidade de Council Bluffs

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