Folha de S. Paulo


Bombas caem perto de hospitais e centro de distribuição na Síria

Bombas jogadas por aviões do governo sírio nas áreas insurgentes de Aleppo nesta quarta-feira (28) caíram perto de um centro de distribuição de pão e de dois hospitais, matando sete pessoas e destruindo parte de um dos centros de saúde, segundo ativistas e médicos.

De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, seis pessoas morreram na parte de fora do centro de distribuição de pão, localizado no leste da cidade.

Abdalrhman Ismail/Reuters
Médicos inspecionam área de externa de dos hospitais após ataque aéreo
Médicos inspecionam área de externa de dos hospitais após ataque aéreo

Aref al-Aref, enfermeira de um dos hospitais, disse que um projétil caiu na entrada da emergência do centro médico –localizado no mesmo bairro do centro de distribuição e para onde os feridos estavam sendo levados–, matando uma pessoas que acompanhava um paciente.

A enfermeira também disse que o bombardeio causou danos ao hospital e destruiu parte dele. Segundo ela, três membros da equipe do hospital foram feridos.

No outro ataque, bombas caíram perto de um centro médico na parte oriental de Aleppo, cortando a energia elétrica e o abastecimento de água. Mohammed Abu Rajab, chefe do hospital, o maior de Aleppo oriental, disse que a unidade de terapia intensiva foi a mais afetado pelo ataque, com geradores e suplementos de oxigênio destruídos. Segundo ele, os pacientes da UTI terão de ser transferidos para outro local.

Segundo o observatório sírio, a área em que este hospital está localizada vem sendo atacada por aviões e helicópteros desde a madrugada.

"O ataque começou quando estávamos dormindo. Ninguém dormiu mais e estamos exaustos", disse Abu Rajab. Ele disse que as autoridades "conhecem o hospital e sabem muito bem onde ele fica". Segundo Rajab, ninguém ficou ferido no ataque.

Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras, que dá apoio aos hospitais, os bombardeios mataram dois pacientes.

NAÇÕES UNIDAS

Nesta quarta, o Conselho de Segurança das Nações Unidas discute a proteção das atividades médicas em áreas de conflito.

Em maio, o conselho adotou uma resolução pedindo o fim da impunidade aos responsáveis pelos ataques e o respeito à lei internacional por todas as partes do conflito. A ONG Médicos Sem Fronteiras, que teve vários hospitais seus atingidos na Síria e no Iêmen, considera que, desde então, "não houve medidas concretas e visíveis para materializar suas intenções [da resolução]".

Durante sua fala no Conselho de Segurança, a presidente do MSF, Joanne Liu, disse que é inaceitável que esses ataques sejam considerados erros cometidos sob a névoa da guerra: "Nós rejeitamos a palavra 'erro'. (...) Esse vale tudo é uma escolha. Há um método por trás de tanta loucura", disse. "A impunidade deve acabar. Isso só vai acontecer quando houver pressão política e forem cobradas responsabilidades."

ULTIMATO

Também nesta quarta, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ameaçou cortar todos os contatos com a Rússia sobre a Síria a menos que Moscou e o governo sírio interrompam os ataques em Aleppo.

O ultimato, segundo o Departamento de Estado, foi feito numa conversa telefônica entre Kerry e Sergey Lavrov, chanceler russo.

O porta-voz de Kerry, John Kirby, expressou grave preocupação com os bombardeios russos e sírios a hospitais e reservatórios de água em Aleppo.


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