Folha de S. Paulo


Terrorismo e violência esquentam primeiro debate eleitoral nos EUA

AFP
Montagem de fotos do republicano Donald Trump e da democrata Hillary Clinton
Montagem de fotos do republicano Donald Trump e da democrata Hillary Clinton

No que vem sendo chamado de "Superbowl dos debates", com expectativa de audiência similar à do maior evento esportivo dos EUA, a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump terão seu primeiro cara a cara nesta segunda (26).

E num momento em que o país está à flor da pele, após atentados a bomba, ataques em shoppings (um deles com cinco vítimas) e protestos contra a morte de dois negros pela polícia —tudo no espaço de uma semana.

Para especialistas consultados pela Folha, terrorismo, violência policial e insegurança como um todo serão tópicos quentes no confronto —90 minutos sem intervalos e com três grandes temas ("A Direção da América", "Conquistando Prosperidade" e "Protegendo a América").

Trump conta com isso. O presidenciável que usa termos como "desastre" e "show de horrores" para definir o país sob comando do democrata Barack Obama se autointitula "candidato da lei e da ordem" e deve explorar o medo de inimigos dos EUA.

Um monstro que precisa debelar, contudo, é o que vive dentro de si, afirma o comentarista conservador Ben Shapiro. Hillary conta com isso. Sua estratégia é atiçar o "instinto selvagem" do adversário, que diz ser genioso demais para ser comandante-em-chefe dos EUA.

Com sua campanha sob nova direção, o republicano vem se distanciando de polêmicas desde meados de agosto. "Mas, como uma criatura acorrentada numa masmorra, a agressão dele está à espreita", afirma Shapiro.

Entre eles está a tentativa de enterrar uma polêmica que ele próprio alimentava desde 2011: a de que Obama, filho de queniano com americana, não nasceu nos EUA.

Rick Wilking/Reuters
Estudantes da Universidade Hofstra, que sediará debate desta segunda (26), ensaiam como candidatos e moderador
Estudantes da Universidade Hofstra, que sediará debate desta segunda (26), em ensaio do evento

Trump declarou na semana passada que sim, o presidente é seu conterrâneo, "ponto final". Mas a celeuma continua acesa e pode ser explorada pela oponente, que a definiu como um ataque preconceituoso ao primeiro negro na Casa Branca.

Os quatro anos de Hillary como secretária de Estado (2009-13) poderão munir o republicano. No período, ela usou servidor privado para mandar e receber e-mails oficiais, e desafetos questionam se ela foi imprudente ou tinha algo a esconder. Relações escusas entre doadores da Fundação Clinton e o Departamento de Estado também poderão vir à baila.

Há décadas na arena política, a democrata torce para que o rival calouro cometa uma gafe em rede nacional.

Para Brian Gaines, da Universidade de Illinois, os candidatos terão ainda o desafio de provar que seus planos são factíveis —como o de Trump de fazer o México pagar por um muro ou o "programa econômico vago" de Hillary.

Trump estrategicamente evita "palavras difíceis", o que lhe ajuda a se conectar com o americano médio. Seu vocabulário, segundo estudo recente, se iguala ao de uma criança de 12 anos.

E o ex-apresentador do reality "O Aprendiz" tem tino para o espetáculo. Trump disse que chamaria Gennifer Flowers, amante nos anos 1970 do ex-presidente Bill Clinton, marido da rival, para o evento. Ela topou, mas a campanha republicana esclareceu: o convite não era oficial.

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Prepare-se para o debate

Horário
21h (22h em Brasília)

Moderador
Lester Holt, âncora da NBC

Como assistir
Todas as grandes redes americanas exibirão o evento; no Brasil, os canais Band News (107 Sky/79 NET), CNN (110 Sky/200 NET) e Bloomberg (109 Sky/201 NET) irão transmitir ao vivo

Local
Universidade de Hofstra (Hempstead, Nova York), sede pela 3ª vez consecutiva de um debate presidencial

Armas contra Hillary
- Uso de e-mail privado quando era secretária de Estado (2009-2013)
- Saúde, após pneumonia que tentou esconder
- Acusações de tráfico de influência envolvendo a Fundação Clinton

Armas contra Trump
- Inexperiência política
- Caráter genioso o desqualificaria para ser comandante-em-chefe das Forças Armadas do país
- Recusa em divulgar sua declaração do Imposto de Renda

Próximos debates
9 de outubro - Universidade Washington (St. Louis, Missouri), mediado por Anderson Cooper (CNN) e Martha Raddatz (ABC)

19 de outubro - Universidade de Las Vegas (Las Vegas, Nevada), mediado por Chris Wallace (Fox News)


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