Folha de S. Paulo


Bombardeios à Síria deixam dezenas de mortos na região de Aleppo

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Bombas voltaram a cair nesta sexta-feira (23) sobre os bairros rebeldes de Aleppo, na Síria, onde intensos ataques aéreos do regime sírio e seu aliado russo causaram mortes de destruição como prelúdio de uma ampla operação terrestre.

Até o momento, pelo menos 70 pessoas morreram e 40 prédios foram destruídos pelo bombardeio, segundo informações da Defesa Civil local.

Vídeos feitos por cinegrafistas amadores nesta sexta mostram um bebê sendo resgatado dos escombros de um prédio em Aleppo, após bombardeio. Não há informações sobre o estado de saúde da criança.

Abdalrhman Ismail/Reuters
Bombardeios destruíram prédios de Aleppo e deixaram dezenas de mortos
Bombardeios destruíram prédios de Aleppo e deixaram dezenas de mortos

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, ao menos 27 pessoas, ao menos três das quais crianças, morreram nesses bombardeios, mas o balanço pode ser ainda maior porque muitas pessoas se encontram sob os escombros.

A onda de ataques contra a parte da cidade onde vivem 250 mil habitantes acontece quando os chefes da diplomacia russa e americana devem se reunir em Nova York para abordar o restabelecimento de uma trégua no país, depois da que foi interrompida na segunda.

Bombardeios acontecem de forma incessante. Prédios foram totalmente destruídos e não há como socorrer os habitantes, mesmo que equipes de resgates insistam em fazê-lo desesperadamente, usando as próprias mãos para socorrer os soterrados.

Dois centros dos chamados "capacetes brancos" (os voluntários da oposição síria) foram alcançados pelos bombardeios e um deles ficou totalmente destruído.

ALEPPO

Dividida desde 2012 entre um setor pró-governamental e outro nas mãos dos insurgentes, Aleppo é um alvo estratégico neste conflito que já deixou mais de 300 mil mortos em cinco anos e meio de guerra.

O exército de Bashar al-Assad, que cerca a parte rebelde de Aleppo há dois meses, quer se apoderar da totalidade da antiga capital econômica da Síria.

Na quinta-feira foi anunciado o início de uma ofensiva terrestre contra o setor insurgente.

O exército pediu aos habitantes que se afastem das posições rebeldes e assegurou aos civis que se quiserem abandonar essas zonas na direção do setor pró-governamental não serão detidos.

"Começamos as operações de reconhecimento e os bombardeios aéreos e de artilharia", informou uma fonte militar de alto escalão.

"Podem durar horas ou dias antes se iniciarmos a operação terrestre, cujo desenvolvimento dependerá do resultado dos ataques e da situação em terra", acrescentou.

Outra fonte militar em Damasco destacou que "o objetivo da operação é estender as zonas de controle do exército".

"O número de combatentes (do regime) permite começar uma operação terrestre porque chegaram muitos reforços a Aleppo", disse ainda.

"O que está acontecendo é que Aleppo está sendo atacada e todas as partes retomaram as armas", declarou na véspera, em Nova York, o enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.

TRÉGUA

Os chanceleres russo, Serguei Lavrov, e americano, John Kerry, se reúnem nesta sexta em Nova York para debater o restabelecimento de uma trégua.

A reunião de emergência realizada na quinta pelo Grupo Internacional de Apoio à Síria terminou sem um acordo para restabelecer o cessar-fogo.

Em um apelo sem precedentes, a ONU solicitou ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que permita distribuir os alimentos bloqueados na fronteira turco-síria, ressaltando que alguns perderão a validade na próxima segunda-feira.

Apesar da violência, a ONU enviou um comboio humanitário a uma zona rebelde cercada na periferia de Damasco.

A ONU anunciou que pretende utilizar uma rota alternativa para enviar ajuda aos bairros rebeldes.

As Nações Unidas realizaram este envio dois dias depois do bombardeio contra um comboio humanitário que matou vinte pessoas.

O Pentágono responsabilizou a Rússia por este ataque, embora o chefe do Estado-Maior inter-exércitos dos Estados Unidos, Joseph Dunford, não tenha informado se as bombas eram provenientes de um avião do regime sírio ou de seu aliado russo.


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