Folha de S. Paulo


Membro de partido de extrema-direita alemão teria vendido itens nazistas

Rudolf Müller, 65, um dos principais membros do partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha), está sendo investigado pela venda de itens nazistas em sua loja de antiguidades na cidade de Saarbrücken (sudoeste).

A investigação foi anunciada pelas autoridades alemãs, coincidindo com uma pesquisa que mostra o fortalecimento desse partido.

Segundo a revista local "Stern" e a rede ARD, Müller vendeu dinheiro do campo de concentração de Theresienstadt (República Tcheca) e medalhas com suásticas do período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Esse comércio pode ter violado a lei.

A Alemanha proíbe a venda de itens com o símbolo da suástica, relacionado ao regime nazista que perseguiu e matou 6 milhões de judeus.

Uniformes e bandeiras também estão proibidos. Há exceções, como os contextos artísticos e educativos.

Müller, porém, afirmou à imprensa alemã que não tinha conhecimento de que estava cometendo um crime, e que não via nenhum impedimento moral nessa venda.

A suspeita reforçará as críticas feitas à AfD, acusada por seus detratores de xenofobia e de antissemitismo.

Em março, um dos líderes regionais do partido foi acusado de manter contato com movimentos neonazistas e outras formações radicais.

CRESCIMENTO

A AfD tem se fortalecido na Alemanha. Uma pesquisa divulgada nesta semana pelo instituto Infratest dimap registra seu crescimento na intenção de voto. A Alemanha deve realizar eleições em 2017.

A sigla está se consolidando como a terceira maior no país, com 16% de apoio. Os dois maiores partidos seguem sendo a conservadora União (CDU, democrata-cristã, e CSU, social-cristã, da Baviera), com 32%, e o SPD (Partido Social-Democrata), 22%.

A AfD foi criado em 2013 e firmou-se com as suas políticas contrárias à migração. Com a recente vitória em Berlim, o partido está em 10 das 16 assembleias regionais.

Antes das eleições na capital, o atual prefeito, Michael Müller, havia afirmado que o crescimento da AfD seria interpretado fora da Alemanha como o ressurgimento da direita e dos nazistas.

Um dos representantes da AfD eleito em Berlim neste mês descreveu refugiados sírios como "parasitas que se alimentam do povo alemão".

Alice Weidel, um membro de alto escalão do partido, afirmou que não há lugar para extremistas em suas fileiras. "Eles danificam a sigla e nos enfraquecem diante de nossos oponentes", disse.

ENCOLHIMENTO

O fortalecimento da AfD coincide com o enfraquecimento da CDU da chanceler Angela Merkel. O partido perdeu votos no pleito de Berlim. Um dos motivos foi a rejeição do público à política de abertura aos refugiados —mais de 1 milhão chegou à Alemanha em 2015, vindo de países como Síria e Afeganistão.

Merkel admitiu, após as eleições na capital, que tem responsabilidade na queda do partido. Há pressão para que ela introduza medidas para frear o fluxo de migrantes, o que por ora ela recusa.


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