Folha de S. Paulo


De volta à campanha, Hillary tenta dissipar temores sobre sua saúde

Antes de deixar o palco ao som de "I Feel Good" ("sinto-me bem"), de James Brown, a presidenciável Hillary Clinton buscou dissipar preocupações sobre sua saúde nesta quinta-feira (15), após quatro dias de repouso.

"Como sabem, tive uma tosse que virou pneumonia. Tentei superar, mas até eu precisei admitir que era melhor descansar", disse Hillary na Carolina do Norte.

A democrata ainda se recupera de uma infecção bacteriana que atacou não apenas seu pulmão, mas também sua credibilidade política.

Ao optar por manter a doença em segredo por dois dias, até um mal estar público no domingo (11) tornar isso impossível, a candidata provocou críticas dentro do próprio partido.

David Axelrod, ex-estrategista de Barack Obama, chegou a dizer que antibióticos não curariam seu "nada saudável gosto por privacidade".

Na Carolina do Norte, Estado onde a disputa com o republicano Donald Trump é acirrada (ambos têm 43% na média das pesquisas), ela confessou que jamais será o "showman" que o rival é.

"Olha o show que ele deu no dr. Oz", alfinetou, lembrando que na véspera o adversário optou por mostrar dados clínicos no programa do médico-celebridade.

Ela também disse que, ao longo da carreira no serviço público, era "melhor no serviço do que no público" e ergueu "algumas defesas" —resposta a críticas de que não tem o jogo de cintura de Obama e do marido, Bill Clinton.

Sua última aparição em público havia sido planejada: de óculos escuros, saindo do apartamento da filha, Chelsea, elogiando o "lindo dia em Nova York" e tirando foto com uma menina que parece ter sido colocada em seu caminho como estratégia de marketing.

A imagem que mais assombrou sua campanha nesta semana, porém, ocorreu horas antes: um vídeo a mostra cambaleante, amparada por seguranças enquanto tenta entrar no carro, logo após passar mal numa cerimônia em memória a vítimas dos ataques do 11 de Setembro.

Por horas, assessores sustentaram que Hillary só estava desidratada. O diagnóstico real veio à tona só depois de circularem as imagens da candidata trôpega.

Na quinta, ela disse que, embora "ficar sentada em casa fosse o último lugar que queria estar", teve tempo para refletir. Conversou com "velhos amigos" e ficou com seus "doces cachorros" em sua residência de Chappaqua (Nova York).

Hillary se incluiu no grupo de americanos "sortudos", que têm como se dar ao luxo de "tirar uns dias de folga" enquanto "milhões de americanos não podem" —a legislação americana só garante licença médica para doenças muito graves.

Antes do evento, disse que não aproveitou o tempo ocioso para ver a série "The Good Wife" (a boa esposa), mas que aguardava ansiosa pela volta de "Madam Secretary", em que Tea Leoni é uma secretária de Estado, cargo que já ocupou.

À noite, acenou a hispânicos, grupo que disse ser desprezado por Trump. "Acho que uma banquinha de tacos em cada esquina soa absolutamente delicioso", disse em evento da bancada democrata e latina no Congresso.

VIGOR

Também nesta quinta, Trump não pôs lenha na fogueira quando um radialista conservador inquiriu se Hillary tem saúde para rivalizar com "a energia que você aparenta ter" nos três debates entre os dois —o primeiro será dia 26.

"Apenas não sei", disse o republicano. "Posso dizer uma coisa: você precisa de um tremendo vigor. Com frequência vou a três Estados diferentes [no mesmo dia]."


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