Folha de S. Paulo


'Brexit' não é o fim da UE, afirma presidente da Comissão Europeia

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, afirmou nesta quarta-feira (14) que a futura saída do Reino Unido não significará o fim da União Europeia.

Diante da crise no bloco, ele anunciou durante seu discurso anual acréscimos em fundos de investimento.

Um fundo com foco em infraestrutura digital e energia será quase dobrado, progressivamente chegando a 630 bilhões de euros em 2022. Juncker citou também a extensão do fundo ao setor privado na África, inicialmente com 44 milhões de euros.

Francois Lenoir/AFP
European Commission chief Jean-Claude Juncker is pictured during a meeting with the EU Parliament leader, the President of the European Council, and the Dutch Prime Minister (not pictured) at the EU Headquarters in Brussels on June 24, 2016. European Commission chief Jean-Claude Juncker on June 24, 2016 denied that Britain's shock vote to leave the EU was the start of a process of disintegration for the bloc. / AFP PHOTO / POOL / FRANCOIS LENOIR ORG XMIT: THY01
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, durante encontro da UE em junho

A medida tem como um de seus objetivos diminuir o fluxo de migrantes à Europa, uma das principais questões da união. A crise dos refugiados tem impulsionando partidos xenófobos em países como a França e a Alemanha.

Para o presidente da Comissão Europeia, os próximos doze meses serão cruciais ao bloco econômico, durante os quais é necessário haver mais integração.

Seu discurso de quase uma hora ao Parlamento europeu, em Estrasburgo, foi visto como uma prévia do que será discutido na sexta-feira (16) em Bratislava, na Eslováquia, no encontro informal de líderes europeus.

Será a primeira reunião sem o Reino Unido, que decidiu em 23 de junho deixar o bloco —o voto pela saída é conhecido como "brexit".

Para Juncker, o "brexit" é um alerta a respeito dos desafios à sobrevivência da União Europeia em tempos de crescente nacionalismo.

Uma das estratégias necessárias, disse, é explicar melhor o projeto europeu a seus cidadãos. Por exemplo, visitando Parlamentos nacionais e discutindo as suas políticas. "Nós ouvimos nossos cidadãos e queremos fazer isso com mais intensidade."

Juncker propôs uma maior coordenação entre Exércitos europeus e avanços a uma guarda costeira conjunta para lidar com a chegada de refugiados. Em outubro, 200 policiais poderão ser enviados à fronteira entre Turquia e Bulgária, por exemplo.

O presidente da comissão afirmou a parlamentares, ainda, que a União Europeia precisa de um quartel militar unificado para centralizar suas ações. A carência de uma "estrutura permanente", afirmou, resulta em dinheiro gasto em missões.

A proposta será planejada de maneira a não sobrepor-se à Otan (aliança militar ocidental), da qual países europeus já são membros.


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