Folha de S. Paulo


Estados Unidos e Rússia acertam cessar-fogo e plano de paz para a Síria

Os Estados Unidos e a Rússia anunciaram nesta sexta-feira (9) um novo cessar-fogo na Síria, que deverá começar na segunda (12). A trégua faz parte de um plano para reduzir a violência e levar o país à transição política após mais de cinco anos de guerra civil.

O secretário de Estado americano, John Kerry, disse que, caso o fim dos combates se mantenha por uma semana, será possível abrir caminho a uma cooperação entre as forças militares de Washington e Moscou.

"Hoje EUA e Rússia anunciam um plano pelo qual, esperamos, será possível reduzir a violência e os sofrimentos [da população] e retomar o caminho da paz negociada e da transição política."

Segundo Kerry, o plano pode levar a uma potencial virada no conflito, desde que o ditador Bashar al-Assad, apoiado por Moscou, e os rebeldes moderados, aliados dos EUA, se comprometam.

O acordo foi anunciado após uma longa reunião em Genebra entre Kerry e o chanceler russo, Sergei Lavrov. Os dois países também atuarão juntos para acabar com a milícia terrorista Estado Islâmico, a rede terrorista Al Qaeda e a facção Al Nusra.

A aliança entre Washington e Moscou é um dos pontos mais importantes do acordo. Os países poderão compartilhar informações militares e de inteligência sobre alvos e posições dos terroristas.

EUA e Rússia combatiam em separado o terrorismo na região, mas suas ações ocorriam de forma paralela. Os americanos criticavam principalmente a colaboração russa com Assad para atacar os rebeldes moderados.

O chanceler russo afirmou que o regime sírio está comprometido com seu cumprimento. Os rebeldes ainda não haviam se pronunciado até a conclusão desta edição.

NEGOCIAÇÕES

O pacto saiu após meses de negociações entre os dois países após o fracassado acordo de 27 de fevereiro. A trégua entrou em colapso em dois meses, e o diálogo de governo e oposição não avançou.

Desde então, americanos e russos concordaram apenas em tréguas temporárias e localizadas. Dentre elas, a realizada em maio em Aleppo, segunda maior cidade da Síria e uma das regiões mais afetadas pela guerra civil.

A principal ameaça ao novo cessar-fogo é ocerco que o regime faz a Aleppo. Nas últimas semanas, o Exército do país mantém bombardeios e ofensivas terrestres para tentar tirar a cidade do controle dos rebeldes moderados.

Os principais acessos foram cercados, o que também agravou a entrada de ajuda humanitária. Com isso, os mais de 500 mil moradores que ainda vivem na cidade sofrem com a falta de comida, água e insumos para atendimento médico.

Em 40 dias de combates, foram mortos mais de 700 civis na cidade, incluindo 160 crianças, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres.


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