Folha de S. Paulo


Líderes de Israel e Palestina aceitam se encontrar para conversas, diz Moscou

O Ministério de Relações Exteriores da Rússia anunciou nesta quinta-feira (8) que os líderes de Israel e Palestina concordaram "em princípio" em se encontrarem em Moscou para conversas —ambos não se reúnem oficialmente desde 2010.

De acordo com a porta-voz do ministério russo, Maria Zakharova, Moscou obteve a confirmação dos escritórios do presidente palestino, Mahmoud Abbas, e do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que os dois estão de acordo sobre um encontro a ser realizado na capital russa.

Não está claro, porém, quando ele aconteceria.

"A coisa mais importante é escolher o momento certo", disse Zakharova à imprensa. "Contatos intensos sobre isso estão se desenrolando."

Os comentários indicam que a Rússia está dedicada em seus esforços para sediar o encontro. Abbas afirmou nesta semana que uma reunião prevista para ocorrer em Moscou fora adiada a pedido de Israel.

Abbas e Netanyahu trocaram um breve aperto de mãos durante a COP21, conferência do clima realizada em Paris, em dezembro de 2015.

O principal obstáculo para o encontro, no entanto, é o tema em si.

Abbas já disse que apenas se reuniria com Netanyahu caso Israel interrompesse a construção de assentamentos na Cisjordânia e acertasse a liberação de presos palestinos. O israelense rejeita esses termos e defende que um eventual encontro deve ocorrer sem condições prévias.

Se o encontro ocorrer com a intermediação da Rússia, mostrará a crescente influência de Moscou no Oriente Médio. As Forças Armadas do país já enviou caças à Síria em apoio ao ditador Bashar al Assad em sua guerra contra opositores.

Apesar de não estar envolvida no conflito sírio, Israel mantém estreito contato com os russos para evitar qualquer confronto entre as forças aéreas dos dois países.

BARREIRA EM GAZA

Autoridades de defesa israelenses afirmaram nesta quinta-feira que o governo começou a construir uma barreira subterrânea ao longo da fronteira de 70 km com a faixa de Gaza, no sul de Israel.

O objetivo é impedir que militantes do movimento palestino Hamas entrem em Israel por túneis, como ocorreu com frequência durante ataques entre Gaza e Israel em 2014.

Segundo as autoridades, que falaram em condição de anonimato à agência Associated Press, a construção começou nas últimas semanas e pode levar anos para ficar pronta.

Salah Bardawil, um membro do Hamas em Gaza, disse que o grupo não será detido. "O povo palestino e a resistência podem superar todos os obstáculos colocados pela ocupação."


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