Folha de S. Paulo


Distúrbios diminuem no Gabão, na África, após disputa eleitoral

Thomas Samson/AFP
People protest behind a banner reading
Manifestação contra os conflitos no Gabão em Paris, na França

As tensões foram aliviadas em Libreville, capital do Gabão (África central) neste sábado (3) após dias de revoltas iniciadas após um anúncio de que o presidente Ali Bongo ganhou, por uma margem de 1,57% dos votos, a reeleição. A oposição afirma que a eleição foi roubada.

Mais de mil pessoas foram presas em protestos que começaram nesta quarta e a oposição, liderada por Jean Ping, que diz agora ser o presidente, afirmou que cinco pessoas morreram.

"Todo o mundo sabe quem é o presidente do Gabão: eu, Jean Ping", afirmou. "Todas as vezes que os gaboneses escolheram seu presidente, as forças negras sempre se juntaram para colocar alguém que não foi escolhido como chefe de Estado. Juntos decidimos que, dessa vez, as coisas serão diferentes.

A estratégia do governo seria a de restabelecer a estabilidade com prisões em massa a presença de forte esquema de segurança. Lojas foram reabertas e carros voltaram às ruas na manhã deste sábado.

"Os últimos dias foram muitos difíceis para nós. O fato de que o tráfego está voltando é muito importante porque nossas famílias sofreram muito", afirmou o mecânico Alex Ndong, 42, que vive no subúrbio de Lalala, em Libreville. "Espero que tudo volte ao normal o quanto antes".

Bongo chegou ao poder em 2009 após a morte de seu pai, Omar, que governou o país por 42 anos usando a riqueza do petróleo do país para comprar dissidentes e garantir apoio.

A economia do país foi atingida pelos baixos preços do petróleo no mercado internacional, que afetou as exportações e a produção. Alguns dos principais produtores no Brasil são a Total e a Shell. Muitos se queixam de que os recursos oriundos do petróleo não foram adequadamente distribuídos.

Ping apelou aos EUA em um artigo de opinião (op-ed) no jornal "The New York Times" para que manifeste a Bongo que não seria tolerada uma eleição roubada.

Ele também repetiu um pedido da União Europeia para que a comissão eleitoral libere os resultados para investigar discrepâncias. "O povo do Gabão votou em seu líder e escolheu a mim. Eles escolheram uma mudança de um regime dinástico que governa nosso país desde 1967", afirmou.

A sociedade de direito do Gabão afirmou neste sábado que 800 pessoas foram detidas em Libreville e 300 em outras cidades e pediu que as autoridades respeitem os direitos humanos e tratem com dignidade os presos.

A França tem uma base militar no país desde a independência, em 1960, e 450 oficiais estão alocados ali, de acordo com o Ministério da Defesa.


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