Folha de S. Paulo


Espanha veta outra vez governo do PP e mira terceira eleição em um ano

Daniel Ochoa de Olza/AP Photo
Spain's acting Prime Minister and Popular party leader Mariano Rajoy looks down as he addresses lawmakers during the second of the two investiture debates, at the Spanish parliament in Madrid, in Madrid, Spain, Friday, Sept. 2, 2016. Lawmakers in Spain's Parliament rejected for the second time in three days acting Prime Minister Mariano Rajoy's bid to form a minority government, pushing the country to a third election in a year. (AP Photo/Daniel Ochoa de Olza) ORG XMIT: DO102
O premiê em exercício e líder do PP, Mariano Rajoy, durante discurso ao Congresso espanhol

O Congresso espanhol recusou nesta sexta-feira (2), mais uma vez, o projeto de governo apresentado pelo Partido Popular. Se o impasse político persistir até 31 de outubro, o país voltará às urnas em dezembro, nas terceiras eleições em um ano.

Às 21h locais (16h em Brasília), o placar foi anunciado, como antecipado: 180 votos contra e 170 a favor. Mariano Rajoy, premiê em exercício, precisava da maioria dos deputados para formar seu governo. Sua sigla, o PP (Partido Popular, conservador), venceu as duas últimas eleições, em dezembro de 2015 e em junho, mas sem os assentos necessários para governar.

Votaram a favor o PP (137 deputados), o Cidadãos (32) e a Coalizão Canária (1). Os partidos espanhóis olham, agora, para os meses futuros. Outros políticos podem ser incumbidos pelo rei Felipe para angariar assentos e formar um governo até 31 de outubro, mas o cenário já parece pouco provável.

O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) receberá a maior parte da atenção, nesses próximos meses. Seu líder, Pedro Sánchez, negou-se a aprovar o governo de Rajoy ou mesmo abster-se da votação e abrir caminho para o rival. Com isso, sai deste processo como um dos responsáveis pela paralisia.

O governo em exercício na Espanha trabalha com uma série de limitações. Não pode, por exemplo, apresentar projetos de lei ou aprovar o seu orçamento para 2017.

O PSOE deve passar, nas próximas semanas, por debates internos a respeito de sua posição. A política de um "não" definitivo a Rajoy pode ser revista, como maneira de evitar novas eleições, que teriam um alto custo político a todas as siglas.

Há descontentamento principalmente entre lideranças regionais e o médio escalão do partido. Pode haver uma reunião formal da sigla para decidir novos rumos.

SIM E NÃO

No Congresso, Sánchez criticou Rajoy antes do voto. "Vocês deveriam tirar uma conclusão do que vai acontecer hoje. Não irão, porque sua verdadeira estratégia é que estão pensando em terceiras eleições", afirmou.

Durante sua intervenção, o líder do PP disse: "Se você persiste em sua política do 'não', 'não' e 'não', permita ao menos que um governo seja formado na Espanha".

Passado o fracasso desta semana, o PP pode reavaliar a candidatura de Rajoy. Há rejeição ao premiê em exercício, e outros partidos votaram contra seu governo devido à sua figura, vista como símbolo de um período marcado por escândalos de corrupção.

Rajoy tentará manter sua imagem em torno da recuperação econômica. O governo espera que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça 2,9% neste ano. Mas foi divulgada nesta sexta-feira a maior queda no emprego em um mês de agosto desde 2008, o que não facilita a sua campanha.

Albert Rivera, líder do Cidadãos, criticou tanto Rajoy quanto Sánchez antes do voto. "Assim é difícil chegar a acordos. Nós somos do 'sim'", disse.

Se de fato o país for às urnas pela terceira vez, as eleições a princípio devem ser realizadas em 25 de dezembro, Natal. Há movimentação entre os partidos, porém, para encurtar o período de campanha eleitoral e antecipar o pleito para o dia 18.


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