Folha de S. Paulo


'Espanha precisa de um governo', diz premiê em exercício ao Parlamento

O premiê espanhol em exercício, Mariano Rajoy, foi ao Parlamento nesta terça-feira (30) para tentar formar um novo governo. Nesta quarta (31), os deputados espanhóis votarão se aceitam a proposta de Rajoy —que deve ser rejeitada, levando a Espanha à terceira eleição em um ano.

"A Espanha precisa urgentemente de um governo", afirmou Rajoy em seu discurso, lembrando que a maioria da população elegeu o seu partido, o conservador PP (Partido Popular), nas eleições de dezembro de 2015 e de junho deste ano.

Juan Medina/Reuters
Mariano Rajoy, premiê espanhol em exercício, durante discurso no Parlamento da Espanha nesta terça (30)
Mariano Rajoy, premiê espanhol em exercício, durante discurso no Parlamento da Espanha nesta terça

Rajoy se apresentou como a única possibilidade de governo estável, "a não ser que alguém queira brincar com a vontade dos espanhóis e apresentar uma aventura de radicalismo e incerteza".

Apesar de campeão de votos nos últimos dois pleitos, em nenhum o PP alcançou o número de 176 cadeiras necessárias para obter maioria no Parlamento. Por isso, precisa de uma coalizão com outros partidos para governar.

Na eleição de junho, o PP obteve 137 cadeiras. O Cidadãos (centro-direita), com 32, já anunciou seu apoio a Rajoy, depois de o conservador concordar com uma série de exigências feitas pelo partido aliado, incluindo medidas de combate à corrupção.

Mas ainda seria necessário que os 85 deputados socialistas se abstivessem na votação desta quarta-feira, o que não deve ocorrer. O líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Pedro Sánchez, esteve com Rajoy nesta segunda (29) e manteve sua recusa em apoiar o premiê.

Rajoy lembrou ainda que o impasse político prejudica a economia espanhola. O governo em exercício não pode apresentar projetos de lei, e tem atrasado investimentos na infraestrutura e a nomeação de cargos.

CRISE POLÍTICA

O impasse espanhol é uma novidade. Até 2015, o país se dividia entre duas grandes siglas, o PP e PSOE. Era mais fácil ter maioria no Congresso e aprovar um governo.

As eleições do ano passado, porém, registraram o surgimento de novas forças, o esquerdista Podemos e o Cidadãos, complicando a conta.

A espera dos últimos meses causa estafa em todo o espectro político. Se não se resolver o impasse, é possível que a Espanha volte às urnas em dezembro. A princípio o voto seria no dia 25, Natal, mas há movimentação para antecipá-lo para o dia 18.


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