Folha de S. Paulo


Sem fundadores, Caracas faz suposta reunião do Mercosul no Uruguai

Carlos Lebrato/Anadolu/Getty Images
Fachada do prédio que abriga sede do Mercosul, em Montevidéu, onde países se reuniram
Fachada do prédio que abriga sede do Mercosul, em Montevidéu, onde países se reuniram

Apesar de não ser reconhecida por seus parceiros como presidente do Mercosul, a Venezuela realizou nesta quarta-feira (24) uma suposta reunião do bloco em Montevidéu.

Participaram do encontro no edifício-sede do Mercosul apenas os representantes da Bolívia (que ainda não é um membro pleno e, portanto, não tem direito a voto) e do Uruguai, que continua sem se posicionar em relação à possibilidade de uma liderança colegiada para o grupo.

Na terça (23), Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai haviam se reunido para discutir o comando do Mercosul, mas não chegaram a um consenso por causa da indefinição de Montevidéu.

Sem a presença dos membros-fundadores do bloco e os ignorando, o representante venezuelano, Héctor Constant, afirmou que a prioridade deste semestre será consolidar a atuação do Mercosul na área social.

O Instituto Social do Mercosul, responsável por esse trabalho, tem sede no Paraguai, justamente o país com posição mais dura em relação à Venezuela.

Caracas ainda disponibilizou no site de sua Chancelaria uma agenda de atividades até dezembro -cabe ao presidente do bloco convocar as reuniões e realizá-las em seu território. Cerca de 190 encontros estão com data definida até dezembro.

Como já ocorreu nesta quarta, Brasil, Argentina e Paraguai não deverão comparecer, e decisões não poderão ser tomadas sem o voto dos países-membros.

O impasse no Mercosul ocorre porque esses três países se opõem ao comando de Nicolás Maduro. A justificativa oficial é que Caracas não se adequou às regras de adesão.

A Presidência do Mercosul, entretanto, caberia à Venezuela devido ao sistema de rotação, no qual a liderança muda a cada seis meses seguindo a ordem alfabética. O Uruguai, que presidiu no primeiro semestre deste ano, deu por encerrado seu período à frente do bloco em julho.

A Argentina, apoiada por Brasil e Paraguai, sugeriu que o comando até dezembro seja feito de forma compartilhada pelos membros, mas o Uruguai ainda não tomou uma decisão em relação à proposta.

Na prática, o problema deve paralisar as negociações internas e externas do grupo.


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