Folha de S. Paulo


Venezuela não tem democracia nem Estado de Direito, diz chefe da OEA

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, disse nesta segunda (22) que a ratificação da condenação contra o opositor venezuelano Leopoldo López foi o "marco" do final da democracia e do Estado de Direito nesse país.

"Nenhum foro regional, ou sub-regional, pode desconhecer a realidade de que, hoje, na Venezuela, não há democracia nem Estado de Direito", escreveu Almagro em uma carta aberta a López, a quem chamou de "amigo".

"Vou ser sincero: a princípio, após sua prisão, não sabia se era um preso político, o governo (em Caracas) havia convertido a mentira em verdade continental; mas quando vi a sentença, assimilei palavra por palavra a dimensão do horror político que vive este país."

AVN/Xinhua
(160816) -- SANTO DOMINGO, agosto 16, 2016 (Xinhua) -- El presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, reacciona a su llegada al Aeropuerto Internacional Las Américas, en el municipio de Boca Chica, provincia de Santo Domingo, República Dominicana, el 16 de agosto de 2016. Nicolás Maduro se encuentra en República Dominicana para asistir a la investidura del gobernante reelecto de ese país, Danilo Medina. (Xinhua/AVN) (av) (jp) (ah)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em visita à República Dominicana

Na carta de oito páginas, Almagro ressalta o clima de "intimidação" contra opositores na Venezuela e a corrupção de altos funcionários, e defende a realização do referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro. "Em nenhuma circunstância se deve utilizar o poder (...) para impedir que o povo soberano se expresse."

Para o ex-chanceler uruguaio, os venezuelanos são "vítimas da intimidação", que se tornou em um "signo político governamental tangível" em meio "à gestão ineficaz do governo".

O governo venezuelano "procura manter o poder negando ao povo a possibilidade de decidir mediante o voto e recorrendo à violência contra os que se manifestam ou têm opiniões diferentes".

"Foi ultrapassado um umbral, que significa o fim da democracia."

Juan Barreto - 18.fev.2014/AFP
Leopoldo Lopez (C), ardent opponent of Venezuela's socialist government, is escorted by the National Guard after turning himself in, during a demonstration in Caracas on February 18, 2014. Jailed Venezuelan opposition leader Leopoldo Lopez was sentenced to 13 years, nine months and seven days in prison, his lawyer Roberto Marrero said late September 10, 2015. The popular dissident, a US-trained economist who has been held at a military prison since February 2014, is accused of inciting violence against the government of President Nicolas Maduro and attempting to force his ouster.
Leopoldo López (centro), líder oposicionista venezuelano, no dia em que se entregou a polícia, em 2014

CONDENADO

No dia 12 de agosto passado, a Justiça venezuelana rejeitou a apelação da defesa e confirmou a condenação imposta em setembro de 2015 a López, por incitar à violência durante a onda de protestos contra Maduro em 2014, que deixou 43 mortos.

No final de junho, o secretário-geral denunciou a situação na Venezuela em um demolidor relatório ao Conselho Permanente da OEA, ativando a Carta Democrática Interamericana.

Este documento faculta os países da região a analisar mecanismos para aliviar o confronto político na Venezuela, e em última instância contempla a suspensão do país da organização.


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