Folha de S. Paulo


Após reunião da UE, Hollande pede que Europa não abrace nacionalismo

Remo Casilli/Reuters
Italian Prime Minister Matteo Renzi, German Chancellor Angela Merkel (R) and French President Francois Hollande (L) lead a news conference on the Italian aircraft carrier Garibaldi off the coast of Ventotene island, central Italy, August 22, 2016. REUTERS/Remo Casilli ORG XMIT: MXR24
O presidente francês Hollande, o premiê italiano Matteo Renzi e a chanceler alemã Angela Merkel

Líderes da Alemanha, França e Itália, as três principais economias da zona do euro, reuniram-se na tarde desta segunda-feira (22) na ilha italiana de Ventotene para discutir os desafios futuros da União Europeia. O encontro ocorreu dois meses após o Reino Unido ter decidido deixar o bloco econômico.

A ilha, na costa de Nápoles, recebeu Matteo Renzo (Itália), Angela Merkel (Alemanha) e François Hollande (França). Líderes da União Europeia devem reunir-se em setembro, na Eslováquia, em uma reunião mais ampla.

Após o encontro, Hollande pediu que o continente não caminhe em direção a tendências nacionalistas e afirmou que a União Europeia pode ter um futuro de "unidade e coesão". Partidos nacionalistas têm crescido na região, inclusive na França.

Um dia antes, Renzi havia afirmado que o encontro em Ventotene tinha por meta relançar o projeto europeu. Há receio quanto a um efeito contágio do referendo britânico, levando a voto similar, por exemplo, na Holanda.

Assim, relatos dos últimos dias indicavam que um dos objetivos do encontro era manter o status quo do bloco econômico. Com essa meta, Merkel planeja reunir-se no curto prazo com diversos outros líderes. Ela deve viajar a Praga e Varsóvia e receber, em seu país, líderes de países como Holanda, Finlândia, Suécia e Dinamarca.

Em seu último encontro com Renzi e Hollande, na semana seguinte ao referendo no Reino Unido, a chanceler alemã já havia dado indícios de não ver com bons olhos medidas para mais integração na União Europeia. Ela alertou que "qualquer medida que fortaleça as forças centrífugas que já estão minando a Europa poderia ter consequência imprevisíveis".

O "brexit", como é conhecido o voto britânico pela saída do bloco, não é a única preocupação de Renzi, Merkel e Hollande. Eles discutiram também a ameaça do terrorismo ao continente, na sequência de uma série de ataques. Em julho, um atentado deixou 86 mortos em Nice, na costa francesa.

Nesse sentido, o premiê italiano Renzi afirmou após a reunião que a melhora da segurança na Europa e o compartilhamento de inteligência entre países são "prioridades absolutas" para lidar, por exemplo, com a milícia terrorista Estado Islâmico.

Além disso, interessa a esses políticos debater possíveis estratégias diante da crise de refugiados. As medidas atuais, como as portas abertas por Merkel na Alemanha, são contestadas, por exemplo, pelo governo húngaro.

ILHA

A escolha de Ventotene como endereço do encontro vem de sua importância simbólica à União Europeia. Foi escrito ali, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), um manifesto de intelectuais italianos pedindo pela unidade política da Europa.

Renzi, Merkel e Hollande visitaram o túmulo de um deles, Altiero Spinelli, durante a passagem pelo local. A coletiva de imprensa que encerrou esse evento também foi simbólica, ocorrendo em um porta-aviões italiano. Europeus cooperam para lidar com o tráfico de pessoas no Mediterrâneo e impor um embargo de armas à Líbia, na costa africana.


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