Folha de S. Paulo


Após veto a 'burquíni' em Cannes, polícia repreende dez mulheres

Dez mulheres muçulmanas que usavam "burquínis" foram repreendidas, nas últimas três semanas, pela polícia da cidade francesa de Cannes, que estabeleceu um veto temporário à vestimenta que mistura o tradicional biquíni com a burca.

Sob o argumento de que a peça de roupa desafia leis da França sobre o secularismo, a cidade foi uma das três no país a banir o "burquíni" em meio a tensões após o ataque a Nice, que matou 85 pessoas nas comemorações do 14 de julho e foi reivindicado pela facção terrorista Estado Islâmico.

A decisão gerou intenso debate na sociedade e críticas de grupos muçulmanos, que alegam que o veto é inconstitucional e preconceituoso.

O Conselho de Estado, a mais alta corte administrativa francesa, deverá julgar a legalidade do banimento nos próximos dias.

Fethi Belaid/AFP
Tunisian women, one (2ndR) wearing a
Mulher tunisiana usa um "burquíni" em praia nos arredores de Tunis

Em entrevista a um jornal francês, o primeiro-ministro, Manuel Valls, respaldou os vetos municipais à vestimenta, e disse que não via necessidade de uma legislação nacional. O ministro que atua no ramo dos direitos das mulheres também aprovou a decisão.

O "burquíni" é usado por muçulmanos que acreditam que o islã exige que as mulheres escondam todas as partes do corpo, com exceção do rosto, das mãos e dos pés de homens que não sejam seus maridos ou familiares com quem não podem se casar.

Uma porta-voz da prefeitura de Cannes informou à Reuters que, desde o veto à vestimenta, em 28 de julho, dez mulheres que usavam o "burquíni" passaram por controle da polícia: seis deixaram a praia e quatro foram multadas em 38 euros (R$ 136).

A polícia não pode obrigar as mulheres a saírem da praia pelo uso da peça, e a mesma pessoa só pode ser multada uma vez por dia. O veto de verão terá fim em 31 de agosto.


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