Folha de S. Paulo


Alto diplomata norte-coreano deserta para a Coreia do Sul com a família

Ahn Young-joon/Associated Press
Sul-coreanos veem uma imagem na TV de Thae Yong Ho, alto diplomata norte-coreano em Londres, que desertou para Seul
Sul-coreanos veem imagem na TV de Thae Yong Ho, alto diplomata norte-coreano que desertou para Seul

Um diplomata sênior norte-coreano baseado em Londres desertou, informou nesta quarta (17) a Coreia do Sul.

Trata-se de uma das autoridades de mais alto escalão a alcançarem o vizinho do sul.

O Ministério da Unificação em Seul afirmou que Thae Yong Ho, um ministro na Embaixada da Coreia do Norte de Londres, desertou para a Coreia do Sul com sua família.

Segundo um porta-voz do ministério, Thae buscou refúgio por descontentamento com o regime de Kim Jong-un e pelo futuro do filho, de 19 anos.

"Eles estão sob proteção do governo", disse o porta-voz, Jeong Joon-hee, que se recusou a dar detalhes sobre a data da chegada da família à Coreia do Sul.

A deserção é uma das fontes de disputa entre as duas Coreias, e o país do Sul nem sempre divulga casos de destaque como este.

No mês passado, o principal jornal de Hong Kong noticiou que investigava-se a deserção de um norte-coreano que integrou a delegação do país que foi a Hong Kong para participar de uma competição de matemática.

O número de fugas da Coreia do Norte para o vizinho do sul subiu cerca de 15% este ano. Mas, de forma geral, nos últimos quatro anos, sob o comando de Kim Jong-un, o número de deserções caiu drasticamente.

"Houve menos deserções por ano sob Kim Jong-un, mas aumentou o número de deserções políticas e estrategicamente significativas", disse Sokeel Park, da ONG LiNK, que atua com quem foge do regime de Kim.

TENSÃO NUCLEAR

O anúncio desta quarta (17) ocorre em meio a mais uma tensão entre Pyongyang e Washington, que planeja instalar na Coreia do Sul um sistema antimísseis. A vizinha do Norte reagiu com ameaças de retaliações e disparou mísseis no mar.

A agência de notícias japonesa Kyodo relatou, também nesta quarta (17), que Pyongyang informou ter retomado sua produção de plutônio ao reprocessar combustível nuclear utilizado e que não possui planos de interromper testes enquanto continuarem ameaças dos Estados Unidos.

Em entrevista à Kyodo, o Instituto de Energia Atômica do Norte, que possui jurisdição sobre as instalações nucleares Yongbyon, disse: "Reprocessamos combustíveis nucleares utilizados removidos de um reator moderado a grafite".

O instituto informou ainda que a Coreia do Norte está produzindo urânio altamente enriquecido, necessário para energia e armas nucleares, como planejado, acrescentou a agência de notícias.


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